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Brasil/Le Monde

USP foi celeiro dos protestos no Brasil, diz Le Monde

A edição do Le Monde que chegou nas bancas nesta terça-feira dedica uma página inteira à USP (Universidade de São Paulo), celeiro do Movimento Passe Livre, que deu origem aos protestos no país, em junho. Descrita como o berço da elite intelectual do país, a reportagem descreve os anseios de uma juventude politizada, que espera por mudanças.

Manchete do jornal Le Monde sobre a USP
Manchete do jornal Le Monde sobre a USP
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Considerada como a universidade mais seletiva da América Latina, o Le Monde lembra que 50 ministros brasileiros estudaram na instituição e que em alguns cursos, a disputa chega a 100 candidatos por vaga, o que mostra o alto nível de seus estudantes.

Não foi à toa, lembra o jornal, que a USP se transformou na "matriz" do Movimento Passe Livre, que deu início aos protestos no Brasil com uma reivindicação antiga: a gratuidade do transporte público. Um tema acabou servindo como um pretexto para demonstrar a insatisfação geral da população com o sistema político e social do país, e a má gestão dos recursos públicos, em detrimento dos gastos faraônicos com a Copa do Mundo.

O jornal lembra que o movimento, antes de explodir nas ruas, foi articulado dentro da USP. Durante anos, descreve o texto, ao longo de infinitas reuniões organizadas nos anfiteatros, aos poucos as reinvidicações foram sendo pensadas e detalhadas, sem uma hierarquia específica, característica da horizontalidade dos movimentos 2.0. Mesmo que alguns nomes tenham vindo à tona na imprensa, no último mês, é impossível designar um líder.

Para o Le Monde, esse jovens estudantes da USP, que segundo o jornal não tem "nada a temer em relação ao futuro", não suportam mais os  "sistemas político e econômico arcaicos, onde reinam uma oligarquia e a corrupção triunfa." A contestação, lembra o jornal, também tem um quê de paradoxal, já que esses estudantes, filhos da classe média alta, defendem mudanças radicais na sociedade brasileira. O crescimento, dizem, beneficia apenas poucos privilegiados. Mesmo que muitos deles estejam nesta posição.

O jornal também lembra também que o próprio acesso à universidade é um exemplo da desigualdade no Brasil. Mesmo que a USP seja gratuita, o vestibular é tão difícil que apenas alunos oriundos de escolas particulares de alto nível tem alguma chance de integrá-la. O que não impede, naturalmente, a conscientização de seus alunos, e a sua vontade de mudar o mundo e "o capitalismo selvagem" que domina o mercado.
 

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