Diante dos enfrentamentos entre governo e oposição no Egito e na Tunísia, da guerra civil na Síria e da confusão na Líbia, condenar a interferência dos ocidentais a favor dos rebeldes da "primavera árabe" é pura hipocrisia. Se a situação parece caótica hoje, é preciso lembrar que ditadores como Mubarak e Kadafi só se mantinham no poder graças ao apoio claro e nítido dos países ocidentais, e que foi a repressão sangrenta de décadas de ditadura que alimentou o extremismo islâmico. Portanto, com a queda dos ditadores, não é de se espantar que os partidos islâmicos ganhem com folga as primeiras eleições livres.A grande novidade é que o mundo árabe está entrando na era da política de verdade, e que os partidos islâmicos no poder são cada vez mais criticados pelos extremistas e pela oposição laica. Existe uma corrida entre os movimentos democráticos – laicos ou islâmicos – e as tendências mais autoritárias dos movimentos islâmicos. Isso significa que hoje é mais necessário do que nunca dar apoio a todos aqueles que lutam pela democracia e a modernização de seus países, sejam eles religiosos ou não.
