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Rio + 20 termina sem ambição e com ar surrealista, diz jornal francês

A Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro foi concluída com um acordo completamente desconectado dos grandes desafios ambientais, afirma o Libération que circula neste final de semana. Em seu balanço, o jornal francês escreve que duas décadas depois, a Cúpula da Terra de 1992 foi ironicamente rebatizada de Rio Menos 20 ou Rio em Vão, traduzindo a imensa decepção com o documento final do evento.

Marcha de povos indígenas realizada durante a Conferência Rio + 20.
Marcha de povos indígenas realizada durante a Conferência Rio + 20. AFP PHOTO / Christophe Simon
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Para o jornal Libération, uma atmosfera surrealista dominou o RioCentro, local da Cúpula, durante os dois últimos dias do encontro. Isso porque enquanto líderes se revezavam na tribuna da Assembleia, outros já tinham ido embora.

O jornal ainda destaca o fato de que as autoridades brasileiras escolheram um local bem distante 50 quilômetros, para acolher a Conferência Alternativa dos Povos, onde mais de 20 mil pessoas se reuniram durante 10 dias.

Segundo o Libé, lideranças da sociedade civil que participaram da preparação da Conferência escreveram à ONU para se dissociarem de um texto completamente esvaziado pela falta de metas e compromissos concretos.

A chamada "economia verde", que deveria ser o grande destaque da Conferência terminou como um grande fracasso, escreve o jornal.

O termo, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com apoio dos países industrializados, foi descartado pelas potências emergentes diante da percepção de que poderia ser usado para frear o desenvolvimento do comércio mundial, além de abrir as portas para a lavagem de dinheiro.

O tema da proteção dos Oceanos conseguiu emplacar mas os Estados Unidos conseguiram torpedear as discussões sobre negociações envolvendo o fundo marítimo, lembra o Libé.

O único ponto positivo, lembra o jornal, foi a criação dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável que vai substituir os Objetivos do Milênio, previsto para terminar em 2015. 

A declaração da Rio + 20 parece desconectada do estado atual do planeta, escreve o jornal, questionando ao memso tempo a capacidade da ONU de lidar com as mudanças geopolíticas: uma Europa enfraquecida, uma China que preserva seus interesses se escondendo por trás de países do hemisfério sul, e um Brasil que é uma potência emergente mas que não quer perder o status de país em desenvolvimento.

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