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Imprensa

Violência no Egito é destaque nos jornais franceses desta quarta-feira

A imprensa francesa destaca nesta quarta-feira, 23 de novembro, a revolta popular no Egito contra o poder militar. Em editorial, o jornal Le Figaro explica que a violência vista nos últimos dias na praça Tahrir era previsível.

Uma verdadeira batalha entre manifestantes e policiais tomou conta do Cairo esta semana.
Uma verdadeira batalha entre manifestantes e policiais tomou conta do Cairo esta semana. REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
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Três forças com interesses distintos estão em conflito no Egito, explica Le Figaro. O movimento laico, que liderou a queda do ex-ditador Hosni Moubarak com a ocupação da praça Tahrir, aspira a uma democracia com total liberdade de expressão. Os partidários da Irmandade Muçulmana, o grupo político mais organizado do Egito, defendem valores conservadores, fiéis aos islamismo. Já as Forças Armadas, que governam o país desde a queda de Moubarak, lutam para preservar interesses econômicos e privilégios herdados do antigo regime. O país precisa de um governo civil para pacificar essas forças, estima o Le Figaro.

O problema, segundo o jornal, é que as duas personalidades que poderiam servir a essa função - o ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed el Baradei, e o ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa - não conquistaram a confiança do povo. A Irmandade Muçulmana aposta nas eleições legislativas, que começam no dia 28 mas vão durar até março do ano que vem, para se impor no alto escalão do futuro governo. O diário conservador afirma ainda que Prêmio Nobel da Paz Mohamed el Baradei desagradou a Irmandade Muçulmana ao inverter o calendário da transição política, propondo a redação de uma nova Constituição antes das eleições.

Libération destaca em primeira página que graças à pressão popular os militares aceitaram realizar um referendo para consultar a população sobre a transferência do poder a um governo civil. No entanto, como sublinha o jornal, os egípcios não acreditam nas promessas feitas pelos militares, as mesmas de nove meses atrás, pouco depois da queda de Moubarak. Em resumo: nada mudou.

O diário comunista L'Humanité entrevistou um cientista político da Universidade do Cairo, Hassan Naafa, que explica que o movimento da praça Tahrir é a segunda fase de uma revolução que ainda não atingiu seu principal objetivo: retirar os militares do poder. O cientista político estima que a Irmandade Muçulmana teve um comportamento ambíguo nos últimos dias. Deixou de se juntar aos manifestantes da praça Tahrir por cálculo político, com medo de um adiamento das eleições que os islâmicos acreditam vencer com facilidade. A determinação dos manifestantes demonstra, porém, que a Irmandade Muçulmana não é mais uma força tão dominante assim entre os egípicos.
 

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