Acessar o conteúdo principal
Noruega/massacre

Autor de atentado pode ser julgado por crime contra a humanidade

O governo da Noruega está buscando formas de ampliar a pena máxima de prisão para o extremista católico Anders Berhing Breivik, sem alterar a constituição do país. A revelação foi feita na manhã desta terça-feira, em Oslo. A ira extremista de Breivik também inclui o Brasil, descrito como um país de "segunda classe" por causa da "mistura de raças". A declaração faz parte de  um manifesto de 1,5 mil páginas que ele publicou na Internet.

O autor dos ataques e atirador norueguês Anders Behring Breivik
O autor dos ataques e atirador norueguês Anders Behring Breivik REUTERS/Jon-Are Berg-Jacobsen
Publicidade

Colaboração de Andrei Neto, enviado especial do jornal O Estado de S.Paulo para Oslo

O objetivo das autoridades é atender ao clamor de parte da população, que defende uma pena mais longa para o terrorista ao invés do máximo de 21 anos previstos no código penal do país. Uma das alternativas é de que o caso seja julgado pela Justiça como genocídio, ou seja, como crime contra a humanidade, já que Breivik tinha em mente o massacre de militantes políticos de esquerda e de minorias islâmicas. A admissão foi feita à Justiça mais uma vez ontem, em Oslo, quando foi realizada a primeira audiência do caso. Assim, a pena poderia aumentar para 30 anos de prisão.

Os atentados perpetrados pelo católico fundamentalista ainda são um grande quebra-cabeças para as autoridades do país, quatro dias depois da tragédia. Mesmo tendo assumido a autoria dos ataques de Oslo da ilha de Utoya, Breivik continua fornecendo pistas contraditórias à policia e à Justiça, ora indicando que atuou sozinho, ora afirmando que contou com a colaboração de uma rede terrorista. A hipótese mais provável, segundo o Ministério da Justiça, é de que Breivik seja mesmo um maníaco solitário, mas a pista de uma organização de extrema-direita segue sendo investigada.

Em razão da tragédia, as autoridades norueguesas anunciaram a realização de duas novas investigações: a primeira é para compreender a extensão dos movimentos clandestinos de extrema-direita no país, ao qual o terrorista diz pertencer; a segunda, sobre a atuação da polícia no socorro às vítimas de Utoya. Há suspeitas de negligência.

Ainda sob o choque, a população norueguesa responde com solidariedade. Ontem, um minuto de silêncio foi realizado ao meio dia em todo o país e uma passeata aconteceu no final da tarde, reunindo entre 150 e 200 mil pessoas nas ruas de Oslo. Durante o trajeto, noruegueses explicaram que o objetivo central de sua participação era também de enviar uma mensagem à Noruega e à Europa: o sinal de que o país, conhecido por sua tolerância e por seu multiculturalismo, não deve mudar em razão das atrocidades cometidas por Breivik.

Brasil, país de segunda classe

O extremista, acusado da morte de 68 jovens no massacre da ilha de Utoya e de oito no atentado a bomba em Oslo, não manifestava ira apenas contra militantes de esquerda e muçulmanos. Até para o Brasil sobrou ódio em seu manifesto de 1,5 mil páginas publicado na internet. O país é descrito como “disfuncional” por sua “mistura de raças”, o que o tornaria incapaz de alcançar “o mesmo grau de produtividade e harmonia” da Noruega. Em resumo, um país “sem coesão social” e um Estado “de segunda classe”.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.