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Pedofilia/Papa

Papa recusa demissão de cardeal francês condenado por ocultar crime sexual

O Papa Francisco se recusou a aceitar a demissão do cardeal francês Philippe Barbarin, citando o princípio de "presunção de inocência", declarou nesta terça-feira (19) o prelado em um comunicado, acrescentando que ele ficaria "algum tempo em recesso” da diocese de Lyon, no leste da França.

Papa rejeita demissão do cardeal francês Barbarin, evocando a "presunção de inocência".
Papa rejeita demissão do cardeal francês Barbarin, evocando a "presunção de inocência". Vatican Media/Handout via REUTERS
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"Nesta segunda-feira de manhã, eu entreguei meu sacerdócio nas mãos do Santo Padre. Ao invocar a presunção de inocência, ele disse que não aceitaria minha demissão", disse o cardeal Barbarin, que continua então no posto de arcebispo de Lyon, enquanto aguarda o julgamento. Ele anunciou ainda que ficaria “em recesso” por algum tempo.

Barbarin deixará a liderança da diocese ao vigário-geral, o padre Yves Baumgarten, “por sugestão" do Papa "e porque a Igreja “sofre desde que explodiu o escândalo de pedofilia na diocese de Lyon, há três anos”, segundo ele. Em Roma, o Vaticano confirmou a afirmação de que "o Santo Padre não aceitou a renúncia apresentada pelo Cardeal Philippe Barbarin”. "Reconhecendo, no entanto, os desafios que enfrentam atualmente a arquidiocese, o Santo Padre deixou o cardeal livre para tomar a decisão mais adequada para sua diocese", acrescentou.

Mais alto dignitário da Igreja Católica na França

Arcebispo de Lyon desde 2002, cardeal desde 2003, Primaz da Gáulia (título honorário concedido a todos os arcebispos de Lyon, desde o século XI), Dom Philippe Barbarin é considerado, aos 68 anos, o mais alto dignitário da Igreja Católica na França.

Depois de um julgamento que se tornou um símbolo da crise provocada pelo escândalo de pedofilia dentro da Igreja, Barbarin foi condenado, no dia 7 de março, a seis meses de prisão com sursis por não ter denunciado à Justiça casos de pedofilia imputados ao padre Bernard Preynat, nos anos 1980/1990, após ter sido informado por uma vítima, em 2014.

O cardeal insistiu durante o julgamento que ele "nunca tinha procurado esconder, muito menos encobrir esses fatos horríveis". Mas o tribunal considerou que o prelado preferiu não dizer nada às autoridades francesas "para preservar a instituição" da Igreja, evitando assim "a descoberta de muitas vítimas de abuso sexual”.

Seus advogados apelaram e ele irá, portanto, aguardar o resultado do segundo julgamento para determinar o destino final de seu prelado. Próximo a Barbarin, o papa argentino defendeu d pessoalmente o cardeal francês, durante muito tempo. Quando o escândalo foi revelado, em 2016, ele já havia rejeitado uma renúncia de Barbarin, dizendo que seria "um mal-entendido, uma imprudência" antes do final de seu julgamento.

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