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Manifestação

França recusa rótulo de nação antissemita

As mobilizações contra o antissemitismo em Paris e em diversas cidades da França foram a manchete de todos os jornais franceses desta quarta-feira, 20 de fevereiro. "A França diz não ao antissemitismo", destacou o conservador Le Figaro. O Aujourd'hui en France fala de "sobressalto republicano". Todos destacam o "momento de união nacional contra o antissemitismo".

Moradora de Marselha participou de ato contra antissemitismo com cartaz exigindo respeito aos judeus.
Moradora de Marselha participou de ato contra antissemitismo com cartaz exigindo respeito aos judeus. Boris HORVAT / AFP
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O site do vespertino Le Monde, escreve: "Na Praça da República, terça-feira, 19 de fevereiro, os parisienses se misturam e se descobrem. Uma palavra de ordem foi decretada para brandir contra o antissemitismo neste dia de 'união sagrada': #basta".

O Le Monde destaca também o seguinte diálogo entre participantes da manifestação, para mostrar que o movimento contra o ódio aos judeus é diverso e abarca gente de diferentes gerações e origens, ao mesmo tempo em que os atos antissemitas crescem em toda a Europa:

"- Qual a sua origem?

- Eu sou do 13º distrito de Paris.

- Não, mas eu quero dizer, judeu ou católico?"

Segundo o Le Figaro, a Praça da República reencontrou sua bandeira tricolor, republicana, na noite de ontem. Políticos, celebridades e cidadãos com bandeiras e lenços em azul, vermelho e branco se reuniram na praça, local simbólico de manifestações na França, para pedir tolerância zero a atos antissemitas, que recrudesceram em 74% em 2018.

Executivo quer endurecer punição

Emmanuel Macron não esteve presente na Praça da República, onde pelo menos 20 mil pessoas se reuniram, mas prometeu "atos" e "leis" para combater o antissemitismo na França. Ele vai se pronunciar na noite desta quarta-feira durante o tradicional jantar do Conselho Representativo de Instituições Judaicas na França, para o qual está convidado.

O primeiro-ministro Edouard Philippe chegou à praça com os seus ministros, no momento em que estudantes pegavam o microfone para bradar: "Viva a França unida e livre de todos os seus medos", diante da estátua de Marianne, símbolo da República francesa.

Políticos de todos os partidos, exceto do Agrupamento Nacional (ex-Frente Nacional) se manifestaram. O ex-presidente socialista, François Hollande, expressou sua indignação. O presidente do partido de direita Os Republicanos, Laurent Wauquiez, disse: "Basta de insultos e suásticas".

De Marselha, o líder de A França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, denunciou os atos racistas e antissemitas que vão de Saint-Denis (na periferia de Paris) à ilha da Reunião, território ultramarino francês.

Segundo o Le Figaro, 54 entidades (22 partidos políticos e 32 associações ou sindicatos) atenderam ao chamado do Partido Socialista francês para esta manifestação, que tinha como slogan "Não, o antissemitismo não é a França". A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, estava à frente do ato.

"Enfim uma mobilização organizada pelos representantes da nação, e não pelas associações da comunidade judaica", comemorou o presidente do Escritório Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo, Sammy Ghozlan.

Os atos antissemitas mais recentes na França incluem cartazes com desenhos de suástica no rosto da ex-ministra da Saúde e sobrevivente ao Holocausto Simone Veil, morta em 2017 e enterrada no Panteão, xingamentos antissemitas contra o filósofo francês Alain Finkieilkraut durante o ato dos "coletes amarelos" no último sábado e profanação de túmulos de judeus no cemitério judaico de Quatzenhein, na Alsácia, região francesa que já esteve nas mãos dos alemães.

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