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França

Confira o perfil do "colete amarelo" que proferiu insultos antissemitas contra filósofo francês

O homem suspeito de proferir insultos antissemitas contra o filósofo e acadêmico francês Alain Finkielkraut, à margem de uma manifestação dos coletes amarelos no sábado (17), em Paris, permanece detido para interrogatório em Mulhouse, no leste da França, onde reside. Benjamin W., um vendedor de telefone celular de 36 anos, pai de cinco filhos, xingou o filósofo de "grande merda", "espécie de sionista", além de afirmar "a França é nossa".

Fotomontagem de reportagem do jornal Le Parisien sobre a detenção de Benjamin W., identificado em vídeo filmado na manifestação de sábado (17) em Paris.
Fotomontagem de reportagem do jornal Le Parisien sobre a detenção de Benjamin W., identificado em vídeo filmado na manifestação de sábado (17) em Paris. DR
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O homem de cabelos e barba ruivos, filmado em plena agressão verbal contra Finkielkraut, se entregou à polícia na noite de terça-feira (19), depois de receber uma convocação dos investigadores. No domingo, o Ministério Público havia aberto um inquérito preliminar por "injúria pública por origem, etnia, nação, raça ou religião". A virulência dos insultos contra o intelectual de origem judaica desencadeou uma onda de condenações no país.

A detenção desse pai de família "colete amarelo" é mais um episódio no recrudescimento das agressões antissemitas na França. Ontem à noite, milhares de franceses se reuniam em Paris e em outras cidades francesas para dizer "basta" ao antissemitismo. Na capital, mais de 20 mil pessoas participaram de um ato organizado por partidos políticos na Praça da República.

Segundo o jornal Le Parisien, o vendedor de celular, conhecido pelos apelidos de "Souleyman" ou "Slim", se converteu ao Islã e participou de várias ações no exterior com a associação "Palestinos de Mulhouse", como atestam várias fotografias tiradas no Líbano.

Expressões infames

No sábado, enquanto o cortejo dos coletes amarelos percorria o bairro de Montparnasse, e o filósofo observava a manifestação, Benjamin W. disse a Finkielkraut: "você é odioso e vai morrer, você vai para o inferno". Outras vozes, também proferindo insultos antissemitas, eram ouvidas ao fundo, mas o ministro do Interior, Christophe Castaner, declara que Benjamin W. é o principal agressor. O acadêmico não pretende prestar queixa contra o colete amarelo, mas a Liga Internacional Contra o Racismo e o Antissemitismo (Licra) estuda abrir um processo.

Insultos antissemitas, xenófobos, racistas e homofóbicos têm marcado os protestos dos coletes amarelos. O movimento conta com um certo número de indivíduos de extrema direita e extrema esquerda adeptos de declarações infames. Alguns se referem ao presidente Emmanuel Macron como "a puta dos judeus".

Segundo informações do jornal Le Parisien, Benjamin W. esteve em 2014 no radar dos serviços de inteligência por sua proximidade com o movimento salafista, uma corrente fundamentalista do Islamismo que inspira vários extremistas islâmicos. Mas ele nunca fez parte do cadastro de prevenção contra a radicalização de caráter terrorista (FSPRT).

Nova profanação

Novos grafites de conotação antissemita foram descobertos nesta quarta-feira (20) em um cemitério de Champagne-au-Mont-d'Or, a oeste de Lyon (sudeste). Duas suásticas invertidas foram desenhadas em vermelho com a inscrição "Holocausto blabla" em uma placa do Jardim da Lembrança, área do cemitério onde as famílias dispersam as cinzas dos mortos. O Jardim da Lembrança não está localizado na área judaica do cemitério.

O prefeito de Lyon, Pascal Mailhos, condenou o incidente "com a maior firmeza", lembrando que "o antissemitismo, a xenofobia, a homofobia ou qualquer outra forma de ódio não têm lugar na República Francesa".

"Há pessoas de fora que estão fazendo de tudo para colocar as diferentes comunidades na França em oposição", reagiu Alain Lambert, presidente da comunidade judaica de La Duchère, um distrito de Lyon localizado nas proximidades do cemitério.

O presidente Emmanuel Macron participa hoje do jantar anual do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif). depois de visitar ontem de manhã um outro cemitério judaico onde uma centena de lápides foram profanadas na Alsácia, Macron promete "atos" e "leis" mais duras contra o antissemitismo.

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