“Coletes amarelos” fazem marcha em homenagem às vítimas de violência nos protestos
Os “coletes amarelos” não desanimaram e continuarão a protestar neste sábado (2), numa marcha feita “por e para os feridos durante protestos”, com grande destaque para Jérôme Rodrigues, franco-português que teve um olho atingido nesta semana em Paris. Essa será a 12ª manifestação do movimento, enquanto o Grande Debate Nacional, proposto pelo presidente francês, Emmanuel Macron, ainda tenta acalmar os ânimos no país.
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Neste sábado, os “coletes amarelos” farão uma marcha pacífica pedindo o fim das “violências policiais que mutilam”. Os manifestantes, vítimas de tiros de balas de borracha e de granadas, pedem a proibição das armas usadas pelos policiais durante as mobilizações.
Em Paris, a marcha vai partir da avenida Daumesnil, no 12° distrito de Paris, e continuará até a praça da República. Diversas personalidades que ganharam visibilidade desde o começo do movimento, como Priscillia Ludosky, Eric Drouet e Maxime Nicolle, estarão presentes.
Outras cidades da França terão protestos, como Marselha, onde eles vão desfilar perto do Vieux-Port e prometem erguer um “muro da vergonha”, em memória dos 14 mortos desde o início do movimento. Em Toulouse, eles devem se encontrar às 14h no metrô Jean Jaurès.
Os “coletes amarelos também estarão presentes em Nancy, Lille, Bordeaux e Rouen. Em Libourne, um minuto de silêncio também fará parte da programação, em homenagem às vítimas da cidade.
Jérôme Rodrigues: olho por olho, dente por dente
Jérôme Rodrigues, “colete amarelo” ferido no olho durante os protestos do último fim de semana, é um dos principais organizadores dessa “marcha pelas vítimas”. Em entrevista à RFI, ele prometeu que “não haverá mais violência” nas mobilizações.
“Somos a pátria mãe das constituições, dos direitos humanos da democracia. O povo, por sair às ruas para poder ter a geladeira cheia, está recebendo tiros. Temos direito de falar, de manifestar”, diz. “O quebra-quebra é feito pelos black blocs. É a síndrome do cara bêbado que bate o carro, mata sua família e continua vivo. Os black blocs atacam, correm em todas as direções, e os coletes amarelos ficam parados e levam tiros.”
Jérôme Rodrigues disse que não ficou satisfeito com a proposta do presidente francês de propor um Debate Nacional em toda a França. “Eu gosto da discussão, mas não na forma que o senhor Macron deseja. É uma espécie de reunião entre amigos que não levará a França para a frente”. Ele também criticou a ideia de que os “coletes amarelos” devem parar de protestar agora que o governo começou a responder a algumas das reivindicações. “Só porque o [Grande] Debate está acontecendo não podemos mais andar na rua? Podemos fazer os dois. Ele se assustou após o Ato III, que foi uma guerra em Paris, e acha que fazer uma pergunta aqui e ali vai acalmar o povo?”, argumenta.
Por ter tido a íris de seu olho completamente danificada e correr o risco de perder a visão, Jérôme Rodrigues abriu um processo contra a polícia, o ministro do Interior, Christophe Castaner, e o presidente da República, ainda que, para ele, esse gesto seja apenas simbólico no momento. “Outro dia, estava vendo uma foto minha e fiquei pensando ‘não vou mais ter esse rosto’. Não posso dizer que Macron mandou me matar. Não posso afirmar isso. Mas, às vezes, as pessoas são loucas, o policial me viu e pensou ‘vou ganhar um troféu’”, denuncia.
Segundo Rodrigues, sua agressão durante os protestos foi intencional. “Continuo a acusar a polícia de ter me atacado propositalmente. Muitas pessoas disseram que a polícia apontou o dedo para mim e que ouviram alguém dizer, ‘ele está aqui, atirem’”, conta.
Conselho de Estado aprova uso de balas de borracha
O Conselho de Estado francês rejeitou nesta sexta-feira (1) os pedidos de suspensão do uso do Lanceur de Balle de Défense (“Lançador de Balas de Defesa”, em português), conhecido como LBD 40. O dispositivo giratório, acionado automaticamente, é capaz de fazer vários disparos de uma só vez.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Liga dos Direitos Humanos tentaram, na quarta-feira (30), convencer os juízes administrativos a proibirem a arma, durante uma audiência de emergência. Mas o Conselho de Estado julgou que o uso do LDB 40 é legal e absolutamente necessário e lembrou que o ministério do Interior fixou um quadro estrito de sua utilização, sem visar a cabeça e privilegiando o torso dos alvos.
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