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União Europeia

Macron rebate "fake news" da extrema direita sobre novo tratado franco-alemão

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, assinaram nesta terça-feira (22) um novo tratado para fortalecer os laços entre os dois países, motores do bloco europeu. O texto gerou controvérsia na França e uma onda de "fake news" nas redes sociais, fomentada pela líder de extrema direita Marine Le Pen.

Entre os ministros das Relações Exterioriores Jean-Yves Le Drian (esq.) e Heiko Maas (dir.), Macron e Merkel assinam a modificação do Tratado do Eliseu em Aachen, no extremo oeste da Alemanha.
Entre os ministros das Relações Exterioriores Jean-Yves Le Drian (esq.) e Heiko Maas (dir.), Macron e Merkel assinam a modificação do Tratado do Eliseu em Aachen, no extremo oeste da Alemanha. Ludovic MARIN / AFP
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Com o novo tratado, Le Pen acusou Macron de estar "vendendo" a região da Alsácia-Lorena para a Alemanha e de "ceder o assento permanente da França no Conselho de Segurança da ONU" aos alemães. Ela afirmou ainda que o alemão se tornaria a "língua administrativa" da região francesa na fronteira com o país vizinho.

Na realidade, o documento é uma mensagem de apoio de Paris e Berlim à União Europeia (UE), no momento em que o bloco é enfraquecido pela saída do Reino Unido (Brexit) e pela ascensão de partidos nacionalistas em vários países membros da UE.

O texto, assinado quatro meses antes das eleições para a renovação do Parlamento Europeu, completa o Tratado do Eliseu, um documento firmado em 1963 pelo general Charles de Gaulle e o então chanceler alemão Konrad Adenauer, que concretizou a reconciliação franco-alemã após o fim da Segunda Guerra Mundial.

A imprensa francesa, ministros e representantes europeus denunciam como mentirosas as declarações da líder populista, lembrando que, para a França compartilhar sua cadeira na ONU, seria necessário reformar o Conselho de Segurança.

O que diz o tratado

O documento assinado hoje na cidade de Aix-la-Chapelle – para os franceses, Aachen para os alemães – prevê o estreitamento da cooperação entre os dois países no plano econômico e de defesa. Paris e Berlim se comprometem a coordenar suas posições antes de cada cúpula da União Europeia ou internacional, ou ainda a facilitar o cotidiano dos moradores dos dois lados da fronteira. Mas é principalmente na área da segurança que o texto aprofunda os laços entre as duas capitais.

Paris e Berlim se comprometem a prestar assistência mútua em caso de agressão – o uso do arsenal nuclear francês não chega a ser mencionado. Os dois países também afirmam que vão intensificar as ações para desenvolver armamentos e operações militares conjuntas. Essas disposições, que constam do artigo 8 do tratado, são "interpretadas" pela extrema direita como uma perda de soberania do país em benefício do vizinho e da União Europeia, argumento recorrente na retórica populista.

Se com este tratado França e Alemanha parecem dar a impressão de dar as costas ao resto da Europa, a proposta visa o contrário: estimular os demais países do bloco a defender os valores europeus e lutar por uma integração mais forte e ampla, principalmente depois da fratura causada pela aprovação do Brexit.

Em seu discurso, Merkel afirmou que França e Alemanha "darão uma contribuição para a criação de um exército europeu". Merkel se referiu a "uma cultura e uma indústria militar comum".

Macron denunciou as "mentiras" propagadas pela extrema direita francesa sobre o novo tratado. "Os que se esquecem do valor da reconciliação franco-alemã são cúmplices dos crimes do passado. Os que caricaturizam, ou propagam a mentira, ferem os povos que fingem defender", atacou o presidente francês.

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