Movimento dos estudantes prossegue na França com 450 escolas bloqueadas
Na França, 450 escolas permanecem bloqueadas ou com perturbações nesta terça-feira (11), segundo os últimos dados do ministério da Educação. O sindicato dos estudantes, o UNL-SD, fez um apelo por uma “terça-feira sombria” nos estabelecimentos, um dia depois da mobilização que paralisou 10% das instituições de ensino francesas. Eles protestam contra a reforma do ensino médio e contra o “Parcoursup”, que pode dificultar a entrada nas universidades.
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Em Paris, os prédios da universidade Sorbonne foram fechados por medida de segurança. Em Nanterre (local emblemático onde começaram os protestos de maio de 1968), os estudantes foram impedidos de entrar – quase todas as faculdades do campus foram bloqueadas a partir das 6h, com a ajuda de cadeiras, carteiras e barreiras.
Diversos estudantes marcharam até o ministério da Educação, no VII distrito da capital, e se ajoelharam, fazendo referência aos alunos de Mantes-la-Jolie, na região parisiense, que foram algemados por policiais. Na escola Jacques Prévert, em Boulogne, cidade vizinha de Paris, algumas lixeiras foram incendiadas e os bombeiros foram acionados.
Em Amiens, a alguns quilômetros de Paris, “coletes amarelos” tentaram se juntar aos manifestantes mais jovens, mas foram detidos pela polícia. Na cidade de Rennes, cerca de 400 estudantes se reuniram numa assembleia geral no campus de Villejean e decidiram, por voto, continuar com o bloqueio da universidade Rennes 2.
Em Nantes, a polícia foi atacada com pedras e revidou com bombas de gás lacrimogêneo. Ocorreram diversos confrontos provocados, também, por “elementos exteriores” à manifestação. Em Estrasburgo, carros foram incendiados.
“Nem uma palavra sobre nós”
“Em menos de sete dias, mais de 1000 estudantes [foram detidos pela polícia]”, disse Louis Boyard, presidente do UNL. “Em Mantes-la-Jolie, jovens foram filmados e humilhados, sem respeito à presunção de inocência na hora das detenções”, disse a manifestante Laurence Roque.
“Macron está em guerra e a polícia também, mas permanecemos determinados a bloquear o país”, gritavam os manifestantes em Paris. “Na periferia, somos desfavorecidos porque nossas notas não terão o mesmo valor que as dos estudantes de classes altas”, disse Jérôme, 17 anos. “Eu quero mais representantes de alunos [no poder] que possam ajudar nosso futuro”, afirmou Salma, 17.
Os manifestantes lamentaram o fato de que Emmanuel Macron, durante seu discurso de segunda-feira (10), nem mencionou suas reivindicações. “Nem uma palavra sobre nós”, disse Sacha. A ministra do Ensino Superior, Frédérique Vidal, afirmou que a extrema esquerda e alguns deputados da França Insubmissa tentava manipular o movimento dos estudantes.
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