Crescimento do Brasil em 2018 será de 1,2%, prevê OCDE
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertou nessa quinta-feira (20) para o aumento dos riscos ao crescimento global, com a ameaça da escalada da guerra comercial entre Washington e Pequim, a crise dos países emergentes e ainda o endividamento crescente fora do sistema bancário.
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Segundo o relatório, a economia mundial pode ter atingido "seu pico de crescimento" e iniciado uma desaceleração com "riscos que se intensificam", declarou a OCDE, ao anunciar suas previsões.
Por conta disso, a instituição, sediada em Paris, rebaixou a previsão de crescimento global para 3,7% para este ano e para 2019, respectivamente 0,1 ponto e 0,2 ponto abaixo do que estava previsto em suas últimas projeções, de junho.
Com a revisão divulgada hoje, a economia brasileira perderá quase um ponto percentual em relação ao que era previsto em junho, passando a um crescimento de 1,2% (-0,8).
A OCDE se mostra preocupada com a situação dos países emergentes, especialmente aqueles cujas moedas entraram em colapso nos últimos meses, como Argentina, Turquia e, em menor grau, a África do Sul.
A economia argentina terá desempenho negativo de 1,9% neste ano, ou seja, 3,9 pontos abaixo do esperado em junho. Para a Turquia, o crescimento previsto é de 3,2% (-1,9) e para a África do Sul, 0,9% (-1,0).
Segundo a OCDE, a crise que atinge pesos-pesados entre os países emergentes não teve qualquer efeito contagioso até agora "como no final dos anos 90", porque muitas economias emergentes "são hoje menos vulneráveis do que naquela época", explica a OCDE.
Interim #EconomicOutlook: The global economic expansion appears to have peaked, with diverging #growth prospects worldwide and intensifying risks ➡️ https://t.co/0VqmpfIaLt pic.twitter.com/ibvFl8yayG
OECD ➡️ Better policies for better lives (@OECD) September 20, 2018
Guerra de gigantes terá consequências
A OCDE está particularmente preocupada com a guerra de tarifas entre os Estados Unidos e a China, com aumento de taxas e medidas de retaliação que "já tiveram efeitos adversos sobre a confiança e os projetos de investimento", informa o relatório.
A previsão de crescimento para os Estados Unidos este ano, no entanto, foi mantida em 2,9%, apenas 0,1 ponto percentual menor do que em 2019, de 2,7%. Com relação à China, a OCDE também confirma a previsão anterior de crescimento de 7% em 2018 e 6,4% no próximo ano.
Já para a zona do euro, a instituição prevê um crescimento abaixo do que era esperado em junho: 2% este ano (-0,2) e 1,9% em 2019 (-0,2).
Na França, depois de um resultado positivo de 2,3% em 2017, o crescimento da economia cairá para 1,6% este ano (-0,3), antes de se recuperar para 1,8% no ano que vem.
A desaceleração global atinge a economia alemã, que deverá crescer 1,9% (-0,2) este ano, contra 2,5% no ano passado, e 1,8% em 2019.
Afetado pelo Brexit, o crescimento no Reino Unido deve continuar com uma desaceleração de 1,3% este ano (-0,1) e 1,2 em 2019 (-0,1).
Dependência às exportações
A OCDE também alerta para os riscos de "tensões mais profundas e uma reversão ainda maior do sentimento de confiança dos investidores", especialmente se a guerra comercial entre Washington e Pequim provocar uma desaceleração na economia chinesa.
"Um aprofundamento das tensões comerciais pode exacerbar as fraquezas, especialmente se a China for afetada, refletindo a crescente integração na rede global de comércio da maioria dos mercados emergentes nas últimas duas décadas", informa a organização.
O relatório avalia os impactos das exportações sobre o comercio internacional e o mercado de trabalho. Nesse sentido, o Brasil seria o país menos afetado. E a razão é bastante simples: enquanto 40% da mão de obra na Alemanha é voltada para empresas exportadoras ou que apoiam empresas voltadas para o mercado externo, no Brasil apenas 15% dos trabalhadores produzem para esse tipo de companhia, de acordo com os dados do relatório.
Endividamento em alta
Dez anos após a falência do Lehman Brothers, a OCDE encontra altos níveis de endividamento: "as reformas fortaleceram o sistema bancário, mas os riscos mudaram para instituições não-bancárias, que são regulamentadas de forma menos rigorosa", explica a instituição.
"Os níveis de dívida pública e privada estão agora mais altos do que antes da crise em muitas economias", alerta a OCDE. A instituição teme que um aperto na política monetária dos EUA mais rápido do que o esperado "desencadeie instabilidade financeira ".
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