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Sociedade

Venda de hambúrgueres bate recorde na França

Pela primeira vez na história, a venda de hambúrgueres na França superou a do "jambon-beurre", o tradicional pão com manteiga e presunto, o que parece mostrar que os franceses se renderam, enfim, a um dos clássicos da gastronomia americana.

Hamburguer: os franceses se rendem ao fast-food gourmet.
Hamburguer: os franceses se rendem ao fast-food gourmet. REUTERS/Eric Gaillard/File Photo
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Em 2017, os hambúrgueres já ocupavam o cardápio em 85% dos restaurantes na França, com quase 1,5 bilhão de unidades vendidas, segundo um estudo da consultoria Gira Conseil, especializada no setor de restaurantes.

Um dado ainda mais preocupante para os defensores da cozinha francesa: apenas 30% dos hambúrgueres foram vendidos em estabelecimentos de fast-food, o que significa que os demais 70% foram consumidos em restaurantes com serviço à la carte.

Cheeseburguer com queijo francês

O hambúrguer está se tornando quase francês, servido frequentemente com algum dos famosos queijos locais, como o roquefort, no lugar do cheddar.

A notícia é especialmente relevante para um país que se orgulha de sua cultura gastronômica e que resistiu durante anos ao êxito mundial do hambúrguer.

"Há três anos já falávamos de um frenesi em torno dos hambúrgueres. Este ano não sabemos como descrever este fenômeno. É simplesmente uma loucura", diz o diretor da Gira Conseil, Bernard Boutboul, à AFP.

Em 2016, as vendas de hambúrgueres igualaram as do "jambon-beurre", que continua sendo o lanche mais popular na França.

Em 2017, porém, pela primeira vez, os sanduíches "americanos" superaram amplamente o clássico francês, vendendo 1,2 bilhão de unidades, indicou Boutboul. As vendas aumentaram em 9% no ano passado - um "crescimento fenomenal", segundo Boutboul.

"A gente se pergunta até se o hambúrguer não vai conseguir superar o famoso filé com fritas na França", acrescentou.

“Recorde atrás de recorde”

"Onde esse país vai parar?", perguntava um indignado usuário no Twitter, enquanto outro criticava a perspectiva de que "todo mundo acabe usando as orelhas do Mickey Mouse no seu parque temático do lixo" - em uma alusão à Disneyland Paris.

Para os amantes da gastronomia, o único aspecto positivo é a redução paulatina da fast-food e o crescente número de hambúrgueres de grande qualidade em restaurantes franceses.

Apesar das reclamações de indignados "puristas", as vendas nos restaurantes de fast-food "bateram recorde atrás de recorde" em 2017 com uma receita de € 51 bilhões (US$ 63 bilhões), segundo a Gira Conseil.

De qualquer modo, a tendência aponta para uma experiência mais gastronômica, com um maior recurso ao amplo leque de ingredientes tradicionais da França, indica a consultoria.

O país é, agora, o mercado mais rentável para o McDonald's fora dos Estados Unidos, com mais de 1.400 restaurantes.

“Vendi minha alma”

A companhia americana se adaptou aos gostos franceses, criando hambúrgueres como a McBaguette, com queijo Emmental e mostarda de Dijon, e oferecendo o famoso macaron como sobremesa. Além disso, diferentemente do Brasil, os clientes do McDonald’s na França podem empurrar o hambúrguer goela abaixo com um gole de cerveja.

Jean-Pierre Petit, o homem considerado responsável pelo sucesso do McDonald's na França, é um dos executivos mais influentes da marca e um dos pioneiros na hora de tentar adaptar o cardápio da empresa aos gostos locais.

Em seu livro de 2013, "Vendi minha alma para o McDonald's" (em tradução livre), Petit admitiu que tinha 30 anos quando comeu seu primeiro hambúrguer.

Muitos dos locais de fast-food na França oferecem, porém, alta qualidade e preços razoáveis. A cultura dos food trucks (a van de sanduíches) outra moda importada dos Estados Unidos, entrou na moda como Le Camion Qui Fume.

"Até os americanos observam o que fazemos no nosso setor de fast-food gastronômica", afirma Boutboul.

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