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França/Economia

Desigualdade estagna no Brasil e aumenta em quase todos os países do mundo

As desigualdades sociais aumentaram em quase todos os países do mundo, de acordo com um relatório publicado nesta quinta-feira (14) pelos pesquisadores do projeto World Wealth and Income Database (base de dados sobre patrimônio e renda), que reúne 100 economistas, entre eles, Thomas Piketty, diretor do grupo.

Ricos estão mais ricos, pobres mais pobres, e classes médias asfixiadas.
Ricos estão mais ricos, pobres mais pobres, e classes médias asfixiadas. REUTERS/Eric Gaillard
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De acordo com o documento, divulgado pelo jornal Le Monde, desde os anos 80, 1% da população mais rica do planeta aproveitou do crescimento econômico duas vezes mais do que os 50% mais pobres. Já os ganhos da classe média mundial, da qual fazem parte 90% da população nos EUA e na Europa, baixaram ou estagnaram no mesmo período.

Os métodos usados pelos especialistas em desigualdade são múltiplos. Nesse estudo, além da renda, foi levada em conta a divisão da população em zonas geográficas, que possibilita uma melhor observação de diferentes fenômenos que envolvem uma classe social. De acordo com essa metodologia, os mais ricos enriqueceram ainda mais em quase todos os países nas últimas décadas.

Em alguns países, entre 1990 e 2016, os 10% mais abonados registraram um aumento ainda mais impressionante de suas rendas. Na Rússia, a alta registrada foi de mais de 21 pontos, e na Índia, 22 pontos.

Na Europa, a porcentagem dos mais ricos passou de 34 para 37%. Nos Estados Unidos, esse número dobrou desde 1980, mas as injustiças sociais cresceram. Um dos motivos, aponta o estudo, é o acesso desigual ao sistema educacional e o sistema tributário, que se tornou menos “progressivo”, como é o caso do imposto de renda em vários países, que estabelece alíquotas diferentes em função dos patamares salariais.

Desigualdade é estável no Brasil

O relatório também mostra que as desigualdades estão aumentando em todo o mundo, menos no Brasil, no Oriente Médio e na África subsariana, onde já são muito acentuadas e solidificadas. Segundos os economistas que redigiram o documento, muitas economias estão no mesmo caminho, o que é extremamente preocupante.

Já as políticas salariais e educativas europeias, mais favoráveis à classe média, explicam um aumento menor da desigualdade. A alta do preço dos imóveis, em países como França e Reino Unido, também diminuíram a diferença de patrimônio entre os mais ricos e os mais pobres.

Outro fator determinante para analisar as desigualdades e sua evolução foi a privatização de parte do patrimônio público convertido em capital privado, caso da Rússia, na transição do comunismo para ao capitalismo, e da China.

Governos empobreceram

No mundo todo, mais pessoas enriqueceram, mas os governos empobreceram. Na maior parte dos países ricos, como Estados Unidos e Japão, o patrimônio público é negativo, e levemente positivo em potências europeias como a França ou a Alemanha. Uma situação, segundo o relatório, “que limita a capacidade dos Estados de regular a economia, redistribuir a renda e frear o crescimento das desigualdades”.

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