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França

Macron aumenta contribuição de aposentados e leva milhares de pensionistas às ruas

Milhares de aposentados franceses, principalmente os que recebem pequenas pensões, saíram às ruas nesta quinta-feira (28) nas principais cidades francesas para protestar contra uma medida adotada pelo governo Macron que aumenta o valor de uma contribuição social descontada nas aposentadorias. A reforma diminui o poder de compra de muitos idosos já impactados pelo baixo valor dos rendimentos.

Nove organizações sindicais convocaram os aposentados franceses a protestar hoje nas ruas contra o aumento de uma contribuição social cobrada nas aposentadorias.
Nove organizações sindicais convocaram os aposentados franceses a protestar hoje nas ruas contra o aumento de uma contribuição social cobrada nas aposentadorias. DAMIEN MEYER / AFP
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Em Paris, 2 mil aposentados se reuniram na praça da Ópera Garnier, monumento emblemático da cidade, contra o aumento de 1,7% da Contribuição Social Generalizada (CSG) que o Estado recolhe para financiar a Seguridade Social e os benefícios sociais pagos às famílias. Milhares de pensionistas também saíram às ruas em Bordeaux, Estrasburgo, Toulouse, Rennes e outras localidades em todo o país.

O aumento dessa contribuição vai afetar 60% dos aposentados franceses e atingir pensões acima de € 1.200 mensais, o equivalente a R$ 4.400, em 2018. A alta, justifica o governo, vai compensar uma redução da CSG paga pelos assalariados do setor privado. Um "esforço" exigido pelo presidente Emmanuel Macron "dos aposentados bem-remunerados, para recompensar o trabalho e restaurar o poder de compra dos ativos".

Segundo Macron, o aumento da CSG vai ser neutralizado pelo fim da cobrança da taxa de habitação, um imposto semelhante ao IPTU brasileiro, também previsto nesta mini reforma fiscal. Com esses ajustes, o Estado francês pretende aumentar sua arrecadação em cerca de € 20 bilhões.

Mulheres são penalizadas

Entre os 16 milhões de aposentados franceses, muitos estão furiosos com a reforma de Macron. Na passeata esta tarde, em Paris, manifestantes de cabelos brancos e bandeiras de sindicatos nas mãos lembravam que o valor médio das aposentadorias na França é de € 1.376 brutos por mês, um valor baixo para cobrir as despesas de aluguel, seguro saúde e alimentação, sobretudo nos centros urbanos. Como acontece em relação aos salários durante a vida profissional, as mulheres são penalizadas com pensões mais baixas. Elas ganham em média € 1.050 por mês contra € 1.728 para os homens.  

Na passeata em Bordeaux, André Lafon, aposentado dos Correios, fez seus cálculos: o aumento em 2018 da CSG irá representar para ele, que ganha € 1.200 por mês, uma perda de € 300 por ano.

"Nós não somos ricos [...] e ainda tentam nos torpedear", reclamou a aposentada Danielle Bonfils, na cidade de Reims. Bonfils, que criou um filho deficiente trabalhando como secretária, diz que vive com menos de € 1.500 de pensão.

"Alguns de nós chegam à aposentadoria destruídos por décadas de trabalho e ainda exigem um esforço, é inaceitável", declarou Christine Diebold, ex-enfermeira na manifestação em Estrasburgo.

Velhice impõe gastos

O trio de aposentadas Annie, Micheline e Marie-France, presentes no protesto em Paris, destaca aspectos distintos do aumento da precariedade desde que deixaram a vida ativa.

Annie, de 81 anos, argumenta que a idade avançada impõe despesas. No caso dela, o pagamento de uma enfermeira para cuidar de seus pés, maltratados pela diabetes. "Com a minha aposentadoria, não sobra dinheiro para o lazer. Só frequento atividades gratuitas", relata.

Micheline, de 64 anos, diz que já não vai mais ao cabeleireiro e só faz compras nos supermercados de baixo custo, onde a qualidade dos alimentos nem sempre é ideal.

Ex-operária, Marie-France ganha uma pensão de € 970 e diz que não sobra nada no fim do mês, depois de pagar as contas.

O aumento da CGS nas aposentadorias representará uma perda média de € 204 por ano para os que recebem uma pensão mensal de cerca de € 1.000 e de € 408 para aqueles que recebem € 2.000, segundo os sindicatos organizadores (CGT, FO, CGC, CFTC , FSU, parceiros, FGR, e associações UNRPA, LSR) dos protestos desta quinta-feira (28).

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