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Cinema

Será que Netflix vai transformar o Festival de Cinema de Cannes?

 O anúncio de que dois dos filmes produzidos pela plataforma americana de vídeos Netflix, em competição pela Palma de Ouro no 70° Festival de Cannes, não seriam lançados no cinema, gerou polêmica, uma semana antes da abertura do evento. Os organizadores lamentaram a decisão, que também foi muito criticada por cineastas e personalidades da 7ª arte.

Em duas décadas Netflix se impôs com um dos principais nomes da indústria cinematográfica.
Em duas décadas Netflix se impôs com um dos principais nomes da indústria cinematográfica. REUTERS/Mike Blake
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Em 2014, durante a abertura do Globo de Ouro, Tina Fey e Amy Poehler fizeram a plateia cair na risada ao anunciar que vários dos programas na competição vinham da Netflix. As humoristas diziam que a plataforma de vídeos deveria aproveitar seu momento de glória, pois em breve SnapChat poderia receber o prêmio de melhor drama. O que era uma piada na época se banalizou e Netflix, assim como seu concorrente Amazon, já entraram oficialmente no círculo dos produtores de cinema. Prova disso, ambos levaram estatuetas do Oscar este ano, com “Os Capacetes Brancos”, “Manchester à Beira-Mar” e “O Vendedor”.

Mas a influência das plataformas de streaming começa a incomodar. Principalmente após o anúncio de que os filme "The Meyerovitz Stories" do americano Noah Baumbach e "Okja" do sul-coreano Bong Joon-Ho, ambos na disputa pala Palma de Ouro do Festival de Cannes, nunca seriam distribuídos no cinema.

O ponto central da polêmica é o fato de que, a fim de proteger as salas de cinema, a regulamentação francesa impõe um prazo de três anos após a estreia nas telonas antes que um filme possa ser disponibilizado em uma plataforma de streaming. Resultado: Netflix preferiu excluir as salas de sua distribuição.

Após a divulgação da seleção de concorrentes, em abril, os cinemas protestaram contra a possibilidade de uma eventual Palma de Ouro não poder ser exibida nas salas. Em um comunicado divulgado na quarta-feira (10), a organização do Festival de Cannes informou ter pedido à Netflix para liberar as produções, evitando que as obras ficassem limitadas aos assinantes. Mas a solicitação não surtiu efeito e Reed Hastings, presidente da plataforma americana de vídeos, declarou nas redes sociais que a polêmica era fruto de uma estratégia dos distribuidores de filme que, segundo ele, “querem impedir Netflix de competir em Cannes”.

Os organizadores do Festival francês já avisaram que vão mudar o regulamento para a edição de 2018, impondo um lançamento em salas para qualquer produção em competição. "De agora em diante, qualquer filme que desejar competir em Cannes deverá primeiro comprometer-se a distribui-lo nos cinemas franceses", frisou o comunicado.

Netflix, que começou como uma empresa de locação de DVDs pelo correio, se tornou em duas décadas um gigante do vídeo online, presente em 200 países. A plataforma afirma ter mais de 100 milhões de assinantes.

 

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