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Presidencial 2017

Mulher de Fillon é suspeita de receber como assessora parlamentar sem trabalhar

O principal assunto em destaque na imprensa nesta quarta-feira (25) é uma revelação do jornal satírico Le Canard Enchaîné. O diário afirma que Penelope Fillon, mulher do candidato conservador à presidência François Fillon, recebeu € 600.000 entre 1998 e 2002, como assessora parlamentar do marido, então deputado, e posteriormente de seu suplente, quando Fillon tornou-se primeiro-ministro do governo de Nicolas Sarkozy. Há suspeita de emprego fantasma.

Edição do jornal Le Canard Enchaîné desta quarta-feira (25) com chamada de capa para reportagem sobre rendimentos suspeitos de Pénélope Fillon.
Edição do jornal Le Canard Enchaîné desta quarta-feira (25) com chamada de capa para reportagem sobre rendimentos suspeitos de Pénélope Fillon. Reprodução
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Le Canard Enchaîné acredita que Penelope Fillon recebeu salários mensais sem trabalhar, o que caracteriza uma infração à lei por emprego fantasma. Uma colaboradora de Fillon na época declarou ao diário nunca ter trabalhado com a mulher do candidato.

Segundo o Canard Enchaîné, em 2012, quando Fillon deixou de ser chefe de governo, Penelope foi novamente remunerada durante pelo menos menos seis meses. Ao término de sua gestão como primeiro-ministro, ele voltou a exercer um mandato de deputado pela circunscrição de Paris.

Em entrevista à RFI, nesta manhã, Thierry Solère, porta-voz do candidato, disse que Penelope "acompanha o marido em suas atividades políticas e como deputado há vários anos". Le Canard Enchaîne diz o contrário, que Penelope não tem profissão conhecida e mantém distância das atividades políticas do representante do partido Os Republicanos nas eleições presidenciais de abril e maio.

"Dezenas de casos semelhantes"

O porta-voz de Fillon lembrou que a legislação francesa e o regimento interno da Assembleia Nacional autorizam o trabalho de filhos, cônjuges e parentes em cargos de confiança de eleitos. Essa prática, embora frequente, é contestada por setores da sociedade civil.

Na entrevista, Solère sublinhou que "existem dezenas de casos semelhantes na Assembleia". "O tipo de atividade e a remuneração são previstos na lei", destacou. O problema é que funcionários da Casa ouvidos pelo Canard Enchaîne afirmam nunca ter visto Penelope nas dependências do Parlamento, o que agrava a suspeita de emprego fantasma.

Para os apoiadores do ex-premiê, incluindo o porta-voz, "a denúncia é uma manobra para desviar a atenção dos eleitores franceses dos problemas reais do país, principalmente o desemprego, no centro dos debates da campanha presidencial". Solère afirmou ainda que Penelope é formada em Direito e tem as qualificações exigidas para trabalhar como assessora parlamentar na Assembleia Nacional.

Mulher do candidato ganhava quase toda a verba parlamentar

Questionado sobre o caso, Fillon disse que sua mulher é alvo de uma campanha "misógina" da imprensa e que não iria comentar a suspeita. Seu coordenador de campanha denunciou "uma tentativa de sujar a imagem do favorito à presidencial, um homem honesto". 

O regimento interno da Assembleia Nacional francesa possibilita a contratação de três assessores por deputado e destina uma verba global de € 9.561 mensais para o pagamento dos três colaboradores. De acordo com os dados obtidos pelo Canard Enchaîné, Penelope recebeu sozinha de € 6.900 a 7.900 por mês, ou seja, consumiu praticamente toda a verba parlamentar.

A presidente da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, que também é investigada por ter utilizado verbas de assessoria do Parlamento Europeu para remunerar assessores empregados no partido, disse que não vai entrar nessa polêmica. "Eu não me sinto constrangida, sou vítima de injustiça", declarou Marine à rádio Europe 1.

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