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Candidato à presidência da França recua em reformar Previdência

O recuo do candidato conservador às presidenciais francesas sobre a reforma do sistema de saúde da Previdência Social é destaque nos jornais nesta terça-feira (13). François Fillon, que venceu as primárias do partido Os Republicanos (LR), prometia uma reforma radical da assistência médica, garantida pela Previdência, e agora, temendo perder votos, disse que vai deixar tudo como está.

O candidato da direita francesa à presidência, François Fillon.
O candidato da direita francesa à presidência, François Fillon. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Durante a campanha pelas primárias de centro-direita, François Fillon, que garantiu uma vitória surpreendente contra o ex-presidente Sarkozy e o ex-premiê Alain Juppé, fazia uma distinção entre doenças graves e benignas. Segundo seu programa, somente as primeiras seriam reembolsadas. Diante dos protestos, inclusive de aliados preocupados com a impopularidade da medida, ele teve que recuar, dizem alguns jornais.

Ao contrário do Brasil, além dos hospitais públicos, os franceses podem consultar qualquer médico do país afiliado ao sistema de seguridade social e serem reembolsados de parte do preço da consulta.

Fillon anunciou seu recuo em um artigo publicado hoje no Le Figaro, intitulado “O que quero para a Previdência Social”. O candidato responde às críticas do partido da extrema-direita Frente Nacional e do Partido Socialista, de esquerda, que o acusam de querer privatizar o setor. Ele garante que seu objetivo “é salvar o sistema de saúde francês (…) que deve voltar a ser um dos melhores do mundo”.

“O recuo é agora”

Ironizando o slogan de campanha do candidato, "a mudança é agora", Libération escreve em sua manchete a frase "o recuo é agora". “Previdência Social: Fillon perde sua segurança”, brinca ainda o jornal progressista. O texto da matéria lembra que a reforma da assistência médica era um dos argumentos de choque de Fillon durante a campanha. Agora, discretamente, o concorrente das primárias se transforma em candidato à eleição presidencial.

Mas essa mudança não é simples. Nesta terça-feira, ele deve explicar aos deputados do partido Os Republicanos suas propostas para o setor. Libération afirma que, provavelmente, para não dar o braço a torcer, Fillon vai falar de “aprofundamento e enriquecimento” do projeto, mas no fundo irá realmente abandonar sua promessa.

“Assistência médica universal vai continuar”

"A assistência médica obrigatória e universal, base da solidariedade, vai continuar como hoje, e o reembolso de alguns serviços, como serviços óticos e dentários, será até melhor”, garante Fillon. A distinção entre doenças graves e benignas é abandonada.

Libération avalia que outros recuos virão. Entre políticos de direita, vários deles pensam que a linha ultraliberal de Margareth Thatcher, defendida por Fillon, não seria eficaz para vencer os outros candidatos à presidencial, como Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, o ex-primeiro-ministro socialista Manuel Valls ou o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron.

Les Echos diz que Fillon corrige seu projeto de reforma da Previdência para apagar o incêndio que ele mesmo criou. “Privatizar o setor está fora de questão”, tenta tranquilizar o ex-primeiro ministro. Apesar de afirmar agora que não vai mais mudar as regras da assistência médica, o candidato conservador insiste sobre a necessidade de encontrar soluções para superar o déficit do setor, aponta o diário econômico.

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