Até a roupa do Santos Dumont foi revolucionária, diz historiador

Ao realizar, há 110 anos, um pequeno voo de apenas 60 metros de distância e a três metros de altura pelo céu de Paris, a bordo do 14 bis, Alberto Santos Dumont se tornou o brasileiro mais conhecido de sua época. Mas além de ser considerado o ‘pai da aviação’, esse personagem marcou a história por sua modernidade, tema de uma conferência comemorativa organizada na capital francesa pelo Centre Culturel du Brésil.

O historiador Jean-Pierre Blay está preparando um livro sobre Santos Dumont RFI

Neto de franceses, Dumont nasceu em Minas Gerais e cresceu numa fazenda de café no interior de São Paulo, onde começou a se interessar pela tecnologia. “Ele era acostumado a ver as máquinas nas indústrias do pai, um dos homens mais ricos do Brasil, que modernizou a produção, a transformação e o transporte de café”, conta o historiador e professor da Universidade Paris-Nanterre Jean-Pierre Blay, que ministrou a conferência Santos Dumont e a Modernidade, nesta segunda-feira (28) na Maison de l’Amérique Latine.

Mas foi na capital francesa, onde chegou ainda jovem, que o brasileiro, fã do escritor francês Júlio Verne e de “A volta ao mundo em 80 dias”, aprofundou sua paixão pelas máquinas e perseguiu o sonho de voar. “Paris era, nesse momento, o lugar da modernidade. Seja por meio das vacinas, com Pasteur, das construções, com Gustave Eiffel, ou ainda dos primeiros carros”, lembra o historiador, que prepara um livro sobre Dumont.

Blay ressalta que além do avião, o brasileiro foi responsável por várias transformações que nos acompanham até hoje, principalmente na maneira de se vestir. Basta lembrar que ele inventou o relógio de pulso, quando buscava uma maneira de consultar a hora enquanto pilotava, ou ainda o uso do terno sem colete e paletós de dois botões, mais fáceis de usar durante as novas atividades aéreas. Até “a roupa do Santos Dumont foi revolucionária”, enfatiza o historiador.

Ouça a entrevista clicando na foto acima.