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Polêmica

Premiê francês defende proibição de burquíni nas praias do país

A França vive um novo capítulo da polêmica sobre a proibição do burquíni, o traje de banho islâmico para mulheres que cobre o corpo inteiro e a cabeça, deixando apenas o rosto à mostra. Em uma entrevista ao jornal La Provence, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, defendeu os prefeitos de algumas cidades litorâneas que tornaram ilegal a utilização da roupa.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em foto de arquivo.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, em foto de arquivo. REUTERS/Charles Platiau
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No total, cinco prefeituras já proibiram o uso do burquíni – o que para Valls serve para "evitar problemas à ordem pública". Além disso, segundo o premiê, o uso do traje "não é compatível com os valores da França e da República".

“Eu compreendo os prefeitos que, neste momento de tensão, têm o reflexo de procurar soluções, para evitar problemas à ordem pública”, declarou. Valls declarou que defende aqueles que “estão motivados pela vontade de encorajar o convívio comum, sem a política como pano de fundo”.

O primeiro-ministro também tentou dar um tom feminista sobre a defesa da proibição do “biquíni” islâmico. Para ele, além de esconder o corpo inteiro e parte da cabeça das mulheres, o burquíni passa a ideia de que “as mulheres seriam despudoradas e impuras e que elas deveriam, por isso, estar completamente cobertas”. O traje é também, segundo o chefe de governo, “a tradução de um projeto político fundado na escravização da mulher”. “Diante dessas provocações, a República deve se defender”, enfatizou o premiê socialista.

Declarações revoltam opinião pública

As declarações de Valls revoltaram a opinião pública francesa e a ala mais radical da esquerda.

“O primeiro-ministro de nosso país não tem mais nada para fazer?”, declarou o porta-voz do Partido Comunista Francês (PCF), Olivier Dartigolles. Para ele, seguindo os passos de uma direita radical “que se assemelha ao partido de extrema-direita Frente Nacional”, o governo faz parte de “um jogo muito perigoso”.

“Fim à islamofobia de Estado!” diz um comunicado do Novo Partido Anticapitalismo (NPA). Para a legenda de extrema-esquerda, as declarações do premiê “geram um clima racista e islamofóbico”.

Até mesmo dentro do próprio Partido Socialista, a atitude de Valls é questionada. O deputado Pascal Terrasse, da mesma legenda do chefe de governo, se diz “surpreso ao ver até que ponto o primeiro-ministro apoia os prefeitos”, sem que o Conselho de Estado ou mesmo o Legislativo se pronunciem se a proibição está prevista na Constituição francesa.

Como começou a polêmica do burquíni

A polêmica da proibição do uso do burquíni começou no dia 9 de agosto, quando um parque aquático privado perto de Marselha, no sul da França, negou o pedido de uma associação muçulmana para organizar uma festa com burquíni. A organização havia alugado o local para o dia 10 de setembro, com a ideia de proibir o uso do biquíni e autorizar apenas o traje de banho islâmico. A interdição revoltou autoridades muçulmanas e praticantes.

No último fim de semana, jovens corsos fizeram fotos de mulheres utilizando burquíni em uma praia da cidade de Sisco, na Córsega. A atitude revoltou moradores muçulmanos, que atacaram os rapazes com machados e arpões. Cinco pessoas ficaram feridas, inclusive uma mulher grávida, e três carros foram incendiados. Depois da confusão, o prefeito do local proibiu o uso do traje.

Além de Sisco, outras quatro prefeituras sancionaram decretos "antiburquíni": Cannes e Villeneuve-Loubet, na Riviera francesa, Le Touquet, na Normandia e Leucate, no sul do país.

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