França se prepara para nova semana de greves contra reforma trabalhista
A França se prepara para iniciar mais uma semana de mobilização social, com a previsão de uma importante greve nos transportes. Os sindicatos pressionam o governo pela retirada do projeto de lei de reforma trabalhista, em discussão no parlamento.
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Há três meses a reforma do código trabalhista divide a maioria socialista no poder e os opositores tentam paralisar o país. O executivo, bastante impopular a menos de um ano das eleições presidenciais, vem se recusando a qualquer compromisso, travando o braço de ferro com a maior força sindical do país, a CGT.
Após uma semana marcada pelo bloqueio de refinarias e depósitos de petróleo no país, os problemas de abastecimento melhoraram levemente nos últimos dias, com a liberação de quase todos os armazéns. Mas muitos postos continuavam sem combustível neste domingo (29). O governo impôs um serviço mínimo previsto por lei, permitindo uma retomada parcial do fornecimento de combustível.
Greve nos transportes deve aumentar pressão sobre governo
As paralisações devem se estender aos transportes públicos. Enquanto parte do serviço ferroviário já está comprometido, os sindicatos esperam aumentar a pressão sobre o governo, poucos dias antes do início da Eurocopa de futebol, que tem a companhia ferroviária nacional como transportadora oficial.
Na região parisiense, a situação deve se complicar a partir de quinta-feira (2), diante da greve por tempo indeterminado dos transportes públicos lançado pela CGT. Já o setor aéreo anunciou uma greve de sexta-feira (3) até domingo (5), por reivindicações internas. Nos portos, a paralisação deve acontecer na quinta-feira.
Artigo 2 é ponto nevrálgico das discussões
Seis das oito refinarias francesas continuam paralisadas ou em funcionamento desacelerado. A greve dos trabalhadores foi mantida nos terminais petroleiros de Marselha (sul) e do Havre (nordeste), que alimentam os aeroportos de Orly e Roissy, na região parisiense.
O ponto nevrálgico do projeto é o artigo 2, que permite às empresas a negociação direta das condições de trabalho com os funcionários, no lugar de discussões gerais por setor de atividade. Os opositores da lei acreditam que o dispositivo tem características liberais demais, além de favorecer a precariedade do emprego.
Segundo uma pesquisa encomendada pelo Journal du Dimanche, 46% dos franceses gostariam que o governo retirasse o projeto, enquanto 40% preferem uma modificação do texto.
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