Acessar o conteúdo principal
Reforma do Trabalho

Com greve nas centrais nucleares, França trabalha para evitar apagão

A dimensão do movimento de greve desta quinta-feira (26) no setor elétrico francês impressiona: empregados de 16 das 19 centrais nucleares aderiram à paralisação convocada pela central sindical CGT. Os manifestantes, no entanto, descartam a possibilidade de um apagão, mesmo que o país dependa 80% da energia nuclear. O movimento se insere no oitavo dia de protestos em todo o país contra a reforma da lei trabalhista.

"Greve e bloqueio até retirada do projeto" diz mensagem na entrada de uma refinaria.
"Greve e bloqueio até retirada do projeto" diz mensagem na entrada de uma refinaria. REUTERS/Stephane Mahe
Publicidade

Para começar, não é tão simples paralisar uma central nuclear. É um processo longo e complexo, que acontece apenas a cada 12 ou 18 meses, para manutenção, segundo Marie-Claire Cailletaud, porta-voz da Federação Nacional de Minas e Energia, a maior força sindical do setor elétrico. Seria, portanto, impossível realizar a operação no curto espaço de uma greve.

No entanto, a capacidade de produção dos reatores pode baixar de maneira bastante significativa. Em entrevista ao canal BFM TV, Cailletaud disse que será possível que ocorram “rupturas pontuais” no fornecimento. Mas a própria CGT reconhece que haverá redução de energia “apenas onde for possível, em função dos imperativos de segurança”, nas palavras de Philippe Rancelli, secretário regional da CGT EDF de Centre-Val de Loire, em entrevista ao site FranceTV Info. Tudo vai depender do número de grevistas e do setor em que eles trabalham.

Convocação obrigatória

Além das usinas nucleares, pelo menos três centrais térmicas já estão paradas: Cordemais (Loire-Atlantique), Gardanne (Bouches-du-Rhône) e Porcheville (Yvelynes), mas dirigentes garantem que não haverá blackout. Embora os sindicatos tenham convocado “o movimento mais forte possível” no setor elétrico, os grevistas na EDF, maior empresa de energia da França, chegou a índices entre 2% e 17% de adesão nas primeiras mobilizações.

Na maior paralisação deste ano, em janeiro, os grevistas conseguiram reduzir em 20% a produção de energia nuclear – o equivalente a 9% do total. A EDF não descarta lançar mão de um dispositivo que prevê a convocação de empregados em greve para voltar ao trabalho. A empresa também pode limitar o direito de greve nas centrais sindicais caso o fornecimento de eletricidade esteja ameaçado. A EDF chegou a utilizar estas prerrogativas na greve de 2009, decisão que foi ratificada posteriormente pelo Conselho de Estado, autoridade máxima judiciária.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.