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França/governo

Ícone da esquerda, ministra da Justiça francesa pede demissão

A ministra da Justiça francesa Christiane Taubira pediu demissão nesta quarta-feira (27) ao presidente François Hollande, depois de várias divergências em relação ao projeto de revisão constitucional do governo. O texto prevê, entre outras mudanças, a retirada da cidadania para franceses com dupla nacionalidade condenados por terrorismo.

O primeiro-ministro Manuel Valls e a ministra da Justiça Christiane Taubira
O primeiro-ministro Manuel Valls e a ministra da Justiça Christiane Taubira REUTERS/Eric Feferberg/Pool
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O mal-estar gerado entre a ministra e o governo parecia sem solução. A demissão de hoje não surpreende nem seus aliados e nem a oposição. Ela e o presidente decidiram seu afastamento do cargo, “ao mesmo tempo em que lei de revisão constitucional será apresentada na Assembleia Nacional, nesta quarta-feira, na comissão de leis”, explicou o palácio do Eliseu em um comunicado.

De acordo com o texto, o presidente da República também agradeceu Christiane Taubira pela sua ação. "Ela conduziu com convicção, determinação e talento a reforma da Justiça", diz o comunicado, que também lembra a atuação de Taubira na adoção da lei que autoriza o casamento entre homossexuais na França, conhecida como “casamento para todos.”

A ministra da Justiça nunca escondeu sua oposição à reforma constitucional proposta pelo governo depois dos atentados de 13 de novembro e a um dos itens em especial: a retirada da cidadania de franceses com dupla nacionalidade, nascidos no país, condenados por atos terroristas. No projeto que será apresentado hoje, o termo “binacional” deve ser retirado por pressão da esquerda, mas como não pode existir apátridas, na prática a aplicação deve ser a mesma.

“Resistir é partir”, diz ministra

No Twitter, a agora ex-ministra da Justiça, que será substituída pelo deputado socialista Jean-Jacques Urvoas, declarou: “Às vezes, resistir é partir. Ser fiel a si mesmo. E dar a última palavra à ética e ao direito”, disse. Em outra mensagem, ela declara: “Orgulho. A Justiça ganhou em solidez e vitalidade. Como aquelas e aqueles que se dedicam a ela todos os dias, eu a considero invencível”.

Em abril de 2014, depois de ser reconduzida ao cargo, Christiane Taubira já havia aceitado continuar ministra se tivesse carta branca para colocar em prática sua reforma penal. Mas os boatos sobre sua partida e substituição por Jean-Jacques Urvoas já existiam.

Figura emblemática da ala esquerda do partido Socialista, nascida na Guiana em 1952, era a única ministra negra do governo François Hollande. Taubira ficou conhecida pelo estilo informal que contrastava com o protocolo francês. Ela foi candidata à presidência francesa em 2002 pelo partido radical de esquerda, com 2,32% dos votos.

Já o novo ministro é militante do PS desde os 18 anos e preside atualmente a comissão de leis da Assembleia Nacional, tendo o perfil ideal para dar conduzir a revisão constitucional que está sendo preconizada atualmente pelo governo.
 

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