Hollande defende reforço do poder policial para combater terrorismo
O presidente francês, François Hollande, prestou na manhã desta quinta-feira (7) homenagem aos três policiais mortos durante os ataques de 7 a 9 de janeiro do ano passado, com um discurso na sede da polícia de Paris. O chefe de Estado defendeu as medidas previstas no novo projeto de lei de mudanças no Código Penal para permitir ao país combater com mais eficiência o crime organizado e o terrorismo.
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O discurso terminou às 11h40 minutos, momento em que há exatamente um ano os irmãos Kouachi invadiam o jornal satírico Charlie Hebdo, matando 12 pessoas no local. Nos dias seguintes, outro jihadista, Amédy Coulibaly, promoveu ataques contra uma policial e um supermercado judaico. No total, 17 pessoas morreram.
Em nenhum momento de seu discurso, o presidente francês fez referência direta a qualquer atentado, mas lembrou que o país continua em guerra contra o terrorismo. Em sua mensagem, ele elogiou o trabalho de todas as unidades das forças de segurança, que mostraram reatividade na resposta aos ataques.
Hollande fez ainda um pequeno balanço do trabalho de investigações dos atentados: 25 infrações foram registradas, relacionadas com atividades terroristas, e 400 armas foram apreendidas, sendo 40 de guerra.
Diante da "gravidade da ameaça terrorista" contra o país, Hollande disse que o governo teve que adotar medidas excepcionais, entre elas, o estado de emergência que permite batidas em casas de suspeitos sem autorização judicial.
"Em uma democracia o estado de emergência não deve durar para sempre", afirmou o presidente. Mas, segundo ele, para que a França saia dessa situação, será preciso dotar as forças de segurança de meios para prosseguir na luta antiterrorista.
"Nós estamos diante de combatentes aguerridos, fortemente armados e formados pelo Daesch (nome em árabe do grupo Estado Islâmico). Essa organização comanda os ataques", denunciou.
Propostas de reforço dos poderes da polícia e Justiça geram polêmica
Em sua mensagem, Hollande citou algumas medidas previstas na nova lei antiterrorista em elaboração, como o direito dos policiais revistar pessoas e carros perto de locais considerados "sensíveis", mesmo sem suspeita de infração, e a prisão domiciliar de pessoas que retornarem de zonas de combate jihadista como Síria e Iraque.
Outras medidas previstas no projeto de lei são a detenção de uma pessoa para interrogatório durante quatro horas, mesmo sendo menor de idade, sem a presença de um advogado e a autorização para os policiais atirarem contra criminosos sem que estejam ameaçados diretamente.
O governo quer dar meios para a polícia ter mais agilidade para identificar e confiscar armas de suspeitos. Outro ponto importante destacado pelo chefe de Estado foi a necessidade de fiscalizar, com mais eficiência, os fluxos financeiros usados pelos terroristas para financiar seus "atos de guerra".
"Todas as medidas serão submetidas a controle da justiça e devem respeitar as exigências constitucionais", prometeu Hollande, que defende uma simplificação de medidas judiciais para permitir uma intervenção e investigações mais rápidas em certas operações. Tudo deve ser coordenado a serviço de um mesmo objetivo, segundo Hollande: garantir a segurança dos franceses.
Vejam o vídeo do jornalista Augusto Pinheiro em homenagem às vítimas do atentado ao jornal Charlie Hebdo:
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