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França / Atentado / Charlie Hebdo

Jornais avaliam lições dos atentados de 2015 em Paris

Na véspera do aniversário de um ano do atentado que matou 12 pessoas na redação de Charlie Hebdo, no dia 7 de janeiro do ano passado, os jornais franceses desta quarta-feira (6) debatem se o país fez a lição de casa em relação ao terrorismo jihadista agora presente em seu território.

Presidente François Hollande inaugura placa em memória das vítimas na redação de Charlie Hebdo, em 5 de janeiro de 2016.
Presidente François Hollande inaugura placa em memória das vítimas na redação de Charlie Hebdo, em 5 de janeiro de 2016. REUTERS/Benoit Tessier
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O jornal conservador Le Figaro afirma em seu editorial que o governo socialista só compreendeu de fato que deveria reforçar a segurança e tomar decisões drásticas para combater o terrorismo jihadista, tanto no plano interno quanto externo, depois dos massacres de 13 de novembro, em que 130 pessoas morreram. O decreto do estado de emergência, o reforço das patrulhas militares e policiais em locais de alta movimentação, o restabelecimento dos controles de identidade nas fronteiras e o projeto de destituição da nacionalidade para os condenados por terrorismo teriam sido adotados tardiamente.

Na avaliação de Le Figaro, entre janeiro e novembro, o governo socialista perdeu tempo evitando adotar "medidas de aparência politicamente incorretas". Porém, depois dos ataques ao Bataclan e a restaurantes da capital, a atitude passou a ser mais "realista" e "pragmática". "Foram anos de laxismo nas escolas, de imigração sem controle, de recusa em face do crescimento do islamismo radical", destaca Le Figaro. O jornal estima que não existe risco zero ante o terrorismo, mas "se a França quer permanecer de pé, ela deve parar de renegar seus valores judaico-cristãos".

Parte da França não é Charlie

O jornal de esquerda Libération lembra que uma parte da França não é Charlie, em referência ao slogan "Eu sou Charlie", proclamado no mundo todo após o atentado. Na opinião do jornal, é natural que fundamentalistas contestem a publicação. Só não é normal que fanáticos matem 12 pessoas em nome de dogmas religiosos distorcidos.

Libération defende a liberdade de expressão e enfatiza que, apesar do trauma vivido pelos sobreviventes e colaboradores, Charlie Hebdo continua não fazendo concessões aos extremistas. "Quatro milhões de pessoas saíram às ruas no dia 11 de janeiro de 2015, quatro dias depois da onda de atentados, para defender a liberdade de expressão, o não conformismo e o respeito às divergências de crença e opinião", afirma o texto do editorial. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas no último ano, Charlie Hebdo está vivo e vai continuar, se felicita Libération.

Destituição da nacionalidade causa polêmica

O projeto de introduzir na Constituição francesa a destituição da nacionalidade aos condenados por terrorismo, uma consequência dos atentados de 2015, também é debatido nos jornais. Libération é contra e critica o presidente François Hollande por "brincar" com os princípios fundamentais da República Francesa, como a não discriminação de seus cidadãos, independentemente das origens.

Le Figaro estima que a medida é um mal necessário e aprova outras propostas controvertidas em estudo no governo para aumentar o poder de policiais e procuradores no combate ao terrorismo. E pouco importa se algumas dessas medidas ferem as liberdades individuais e o espírito democrático, diante da gravidade do contexto atual.

Aujourd'hui en France destaca o livro lançado por um sobrevivente do supermercado judaico atacado dois dias depois de Charlie Hebdo. O autor, Yohann Dorai, 39 anos, pai de quatro filhos, passou quatro horas escondido na câmara fria do supermercado junto com outros reféns. Ele conta que estava persuadido de que iria morrer, mas ajudou muito a polícia a preparar a invasão do Hyper Cacher, salvando dezenas de vidas.

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