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França/Terrorismo

Um ano após atentado contra Charlie Hebdo, França quer reforçar poderes da polícia

O governo francês marca o aniversário de um ano dos atentados de janeiro de 2015 com novas medidas de combate ao terrorismo, algumas bastante controversas por violar liberdades democráticas. Nos próximos dias, o governo enviará ao Parlamento um projeto de lei para reforçar os poderes da polícia e de procuradores. Em 7 de janeiro do ano passado, o jornal satírico Charlie Hebdo foi o primeiro alvo de uma série de atentados que deixaram 17 mortos em Paris. 

Operação policial de 8 de janeiro de 2015 para capturar os irmãos Kouachi, autores do atentado contra o Charlie Hebdo.
Operação policial de 8 de janeiro de 2015 para capturar os irmãos Kouachi, autores do atentado contra o Charlie Hebdo. AFP PHOTO / FRANCOIS LO PRESTI
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As medidas anunciadas pelo governo francês são criticadas por darem mais poderes aos policiais em detrimento do direito de defesa dos suspeitos. Entre outras coisas, o executivo quer que os policiais franceses possam revistar cidadãos e carros mesmo sem suspeita de infração e deter uma pessoa para interrogatório durante quatro horas, mesmo sendo menor de idade, sem a presença de um advogado. Os policiais também poderiam adquirir o direito de atirar em alguém que tenha cometido assassinato, sem que estejam ameaçados diretamente.

Outra medida em estudo é colocar em prisão domiciliar pessoas que retornarem de zonas de combate jihadista. A versão definitiva do projeto de lei será apresentada até 10 de fevereiro, mas já é criticada por juristas e defensores dos direitos civis por violar direitos democráticos.

Mas a medida mais polêmica e emblemática do combate ao terrorismo no país é o projeto de introduzir na Constituição a destituição da nacionalidade aos criminosos condenados por terrorismo. A proposta foi anunciada pelo presidente François Hollande após os atentados de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos. Concebido inicialmente para cidadãos com dupla nacionalidade, a emenda constitucional poderá ser estendida a todos os franceses, o que criaria apátridas no país berço dos direitos humanos. A proposta do presidente François Hollande é criticada tanto na base socialista quanto na oposição, embora mais de 80% dos franceses apoiem a medida, segundo pesquisas recentes.

Edição especial do Charlie Hebdo chega às bancas

Na véspera do aniversário de 1 ano do atentado que matou 11 pessoas na redação de Charlie Hebdo, no dia 7 de janeiro do ano passado, chegou hoje às bancas na França o número especial da revista em memória dos cartunistas e colaboradores mortos.

Mas a capa com a figura de um Deus tipicamente cristão, com uma metralhadora nas costas, barba ensanguentada e a manchete “O assassino ainda está solto”, recebe críticas na imprensa europeia. Grandes jornais como El País, na Espanha, Frankfurt Allgemeine, na Alemanha, Daily Mail, no Reino Unido, consideram a capa de mau-gosto por associar Deus ao terrorismo. O jornal do Vaticano, O Observatório Romano, também criticou a capa, dizendo que Charlie mais uma vez esquece que líderes de todas as religiões criticaram o atentado e que utilizar a imagem de Deus para justificar o ódio é uma verdadeira blasfemia, como o papa Francisco lembrou várias vezes. O problema é que este é o mesmo argumento dos extremistas. Um jornal canadense foi mais longe, dizendo que Charlie insiste na provocação e parece não ter aprendido com o ataque. O número especial tem tiragem de 1 milhão de exemplares.

Início das homenagens às vítimas dos atentados de janeiro

Para que as famílias das vítimas pudessem celebrar a data na intimidade, as cerimônias oficiais aconteceram na terça-feira (5). O presidente François Hollande inaugurou três placas em memória dos mortos nos três locais atingidos pelos atentados de 7, 8 e 9 de janeiro do ano passado. A gafe do dia foi que a placa instalada na fachada da ex-sede do Charlie Hebdo, no 11° distrito de Paris, teve o nome do cartunista Wolinski escrito com a grafia errada, e deve ser trocada até amanhã (7).

No domingo (10), haverá a cerimônia nacional em homenagem a todos os 147 mortos nos atentados do ano passado, na Praça da República.
 

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