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Le Pen é investigada por publicar foto de jornalista decapitado pelo grupo EI

O Ministério Público de Nanterre, na região parisiense, abriu uma investigação preliminar contra a líder da extrema-direita Marine Le Pen, pela divulgação de imagens violentas em sua conta no Twitter. Marine Le Pen tuitou nesta quarta-feira (16) fotos de três execuções realizadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) para responder, segundo ela, a um jornalista que comparou seu partido, a Frente Nacional (FN), à organização.

Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, disse que não sabia que publicava foto de James Foley
Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, disse que não sabia que publicava foto de James Foley REUTERS/Philippe Wojazer
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A líder populista considerou a atitude do jornalista inaceitável e pediu que ele se retratasse das declarações, que ela chamou de imundas. Junto com este tuíte, acompanhado da frase "O EI é isso!", Marine publicou imagens explícitas de execuções de reféns, entre elas a do jornalista americano James Foley, decapitado pelos jihadistas em 2014. Os pais de Foley, que hoje administram uma fundação com o nome do repórter, lançaram um comunicado de repúdio, afirmando que a publicação da imagem é contrária a tudo aquilo que ele defendia e acreditava.

"Estamos profundamente perturbados pelo uso não autorizado de Jim para o benefício político de Le Pen", diz o texto, acrescentando que o importante para a família e a fundação é "a vida de Jim e tudo que ele fez de bom pelo mundo". Diane e John Foley pedem ainda que as três imagens publicadas pela líder extremista sejam retiradas imediatamente. Na manhã desta quinta-feira, a fotografia do repórter decapitado não estava mais na linha do tempo de Le Pen.

Líder extremista diz que "não sabia" se tratar de Foley

A presidente da Frente Nacional declarou à AFP que "não sabia que a pessoa retratada na imagem era James Foley" e que "a foto é acessível a qualquer pessoa pelo Google". Ela disse ainda que tirou a imagem do ar, assim que soube da revolta da família. As imagens do soldado sírio Fadi Ammar Zidan, que foi esmagado por um tanque de guerra em outubro deste ano, e do piloto jordaniano Muath Al Kasasbeh, queimado vivo em fevereiro, continuam visíveis na conta de Marine Le Pen.

Quanto à investigação, a eurodeputada afirmou que o "objetivo dessa operação é desviar o foco do início do problema", em sua opinião, o fato de que "algumas pessoas se permitiram fazer comparações escandalosas, ignóbeis entre o Daesh (sigla em árabe para o grupo jihadista) e a Frente Nacional". Ela disse ainda que não permitirá que seus eleitores sejam comparados a uma organização de bárbaros e assassinos: "Infelizmente, a publicação dessas fotos era o único meio de colocar um 'basta' nesta história", afirmou.

Multa e prisão

Marine Le Pen é investigada pelo crime de "difundir ou vender uma mensagem de caráter violento incitando ao terrorismo, pornográfica, que atente contra a dignidade humana ou incite menores a se colocar em perigo físico" previsto pelo artigo 227-24 do Código Penal francês. Se condenada, a líder da Frente Nacional pode ser multada em € 75 mil e pegar até três anos de prisão. Mas, especialistas acreditam que ela dificilmente seria condenada, já que a publicação da imagem, por mais que seja eticamente condenável, não pode ser enquadrada com apologia do terrorismo.

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