Le Pen é investigada por publicar foto de jornalista decapitado pelo grupo EI
O Ministério Público de Nanterre, na região parisiense, abriu uma investigação preliminar contra a líder da extrema-direita Marine Le Pen, pela divulgação de imagens violentas em sua conta no Twitter. Marine Le Pen tuitou nesta quarta-feira (16) fotos de três execuções realizadas pelo grupo Estado Islâmico (EI) para responder, segundo ela, a um jornalista que comparou seu partido, a Frente Nacional (FN), à organização.
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A líder populista considerou a atitude do jornalista inaceitável e pediu que ele se retratasse das declarações, que ela chamou de imundas. Junto com este tuíte, acompanhado da frase "O EI é isso!", Marine publicou imagens explícitas de execuções de reféns, entre elas a do jornalista americano James Foley, decapitado pelos jihadistas em 2014. Os pais de Foley, que hoje administram uma fundação com o nome do repórter, lançaram um comunicado de repúdio, afirmando que a publicação da imagem é contrária a tudo aquilo que ele defendia e acreditava.
"Estamos profundamente perturbados pelo uso não autorizado de Jim para o benefício político de Le Pen", diz o texto, acrescentando que o importante para a família e a fundação é "a vida de Jim e tudo que ele fez de bom pelo mundo". Diane e John Foley pedem ainda que as três imagens publicadas pela líder extremista sejam retiradas imediatamente. Na manhã desta quinta-feira, a fotografia do repórter decapitado não estava mais na linha do tempo de Le Pen.
Líder extremista diz que "não sabia" se tratar de Foley
A presidente da Frente Nacional declarou à AFP que "não sabia que a pessoa retratada na imagem era James Foley" e que "a foto é acessível a qualquer pessoa pelo Google". Ela disse ainda que tirou a imagem do ar, assim que soube da revolta da família. As imagens do soldado sírio Fadi Ammar Zidan, que foi esmagado por um tanque de guerra em outubro deste ano, e do piloto jordaniano Muath Al Kasasbeh, queimado vivo em fevereiro, continuam visíveis na conta de Marine Le Pen.
Quanto à investigação, a eurodeputada afirmou que o "objetivo dessa operação é desviar o foco do início do problema", em sua opinião, o fato de que "algumas pessoas se permitiram fazer comparações escandalosas, ignóbeis entre o Daesh (sigla em árabe para o grupo jihadista) e a Frente Nacional". Ela disse ainda que não permitirá que seus eleitores sejam comparados a uma organização de bárbaros e assassinos: "Infelizmente, a publicação dessas fotos era o único meio de colocar um 'basta' nesta história", afirmou.
Multa e prisão
Marine Le Pen é investigada pelo crime de "difundir ou vender uma mensagem de caráter violento incitando ao terrorismo, pornográfica, que atente contra a dignidade humana ou incite menores a se colocar em perigo físico" previsto pelo artigo 227-24 do Código Penal francês. Se condenada, a líder da Frente Nacional pode ser multada em € 75 mil e pegar até três anos de prisão. Mas, especialistas acreditam que ela dificilmente seria condenada, já que a publicação da imagem, por mais que seja eticamente condenável, não pode ser enquadrada com apologia do terrorismo.
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