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França/Extrema-direita

Suspenso do partido Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen diz que foi "atacado pelas costas"

Jean-Marie Le Pen, um dos fundadores e presidente de honra do partido de extrema-direita Frente Nacional, foi suspenso da legenda na noite desta segunda-feira (4). Em entrevista a uma rádio francesa, ele classificou a decisão como "uma traição", disse que foi "atacado pelas costas" e pediu que a filha, Marine Le Pen, que dirige o partido, não utilize mais seu sobrenome.

O presidente de honra e um dos fundadores do partido da extrema-direita Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, nas proximidades da sede da legenda em Paris, nesta segunda-feira (4).
O presidente de honra e um dos fundadores do partido da extrema-direita Frente Nacional, Jean-Marie Le Pen, nas proximidades da sede da legenda em Paris, nesta segunda-feira (4). Reuters/Philippe Wojazer
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Jean-Marie Le Pen não escondeu sua raiva sobre a decisão do partido e contra a filha, em entrevista à rádio Europe 1. "Eu acho que isso é uma traição e eu gostaria de dizer que eu tenho vergonha que a presidente da Frente Nacional use meu sobrenome", declarou, exigindo que ela mude de nome o mais rápido possível. "Ela pode fazer isso ao se casar com seu concubino [Louis Aliot], com Florian Philippot [vice-presidente da Frente Nacional] ou com qualquer outro", reiterou.

Para finalizar, o ícone histórico da extrema-direita, na Frente Nacional há mais de 40 anos, garantiu que as lideranças do partido vão receber o troco. "Eles não irão me atacar injustamente, mesmo que seja pelas costas", disparou. Jean-Marie Le Pen acredita que está bem protegido "com o apoio da base", que diz ter recebido no último dia 1° de maio, ao se aproximar do tradicional evento da Frente Nacional na Praça da Ópera, ao qual se recusou a assistir. "Eu não roubei esse apoio, nem o recebi de herança", disse, alfinetando Marine Le Pen mais uma vez.

Um mês de conflito

A decisão de suspenser Jean-Marie Le Pen foi anunciada por meio de um comunicado pelo escritório executivo da Frente Nacional, a mais alta instância da legenda, depois de quase um mês de conflito entre pai e filha. A dois anos das eleições presidenciais francesas, da qual Marine Le Pen acredita que sairá vencedora, a candidata não quer mais que seu presidente de honra se exprima em nome do partido.

Uma assembleia extraordinária, que será realizada daqui a 3 meses, vai determinar se ele perderá definitivamente o cargo de presidente de honra da Frente Nacional. Nesta tarde, Jean-Marie Le Pen se recusou a participar do encontro que decidiu por sua suspensão.

A exclusão definitiva do presidente de honra foi descartada pela própria Marine Le Pen. Para ela e para outros integrantes do partido, a medida seria muito radical. "Abriria as portas do inferno", disse um representante da Frente Nacional à AFP.

Declarações racistas e antissemitas

Jean-Marie Le Pen, de 86 anos, é célebre por seus propósitos racistas e antissemitas que, diante dos esforços para a renovação da imagem do partido, deixaram de ser bem-vindos. Mesmo a contragosto, em entrevista a uma revista francesa, em abril, o ícone da extrema-direita francesa voltou a fazer uma série de declarações polêmicas, a exemplo de classificar as câmaras de gás do Holocausto como "um detalhe" da História.

As declarações foram publicadas um dia depois de a Frente Nacional ter obtido resultados positivos nas eleições departamentais francesas. Os propósitos foram vistos por Marine Le Pen como uma provocação, ao mesmo tempo que a extrema-direita observa sua líder obter 32% da aprovação dos franceses, segundo uma pesquisa divulgada no último sábado (2) pelo instituto BVA.

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