Tribunal francês analisa recurso contra proibição de espetáculos de Dieudonné
O Tribunal de Nantes, no oeste da França, analisará nesta quinta-feira, 9 de janeiro, os recursos dos advogados do humorista francês Dieudonné, acusado de declarações antissemitas. O artista deveria iniciar sua turnê nacional na cidade, quando teve seus espetáculos proibidos após o envio de uma circular do ministro do Interior, Manuel Valls.
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Desde o envio da circular nessa segunda-feira, diversas cidades decidiram proibir as apresentações do humorista, que já foi condenado diversas vezes por incitação ao ódio na França. A decisão da Justiça deverá ser anunciada ainda nesta quinta-feira.
Em fevereiro de 2010, o mesmo tribunal tinha aceitado o recurso impetrado pelo humorista, pedindo que o contrato de aluguel da sala onde ele deveria se apresentar fosse respeitado. "Nenhum espetáculo será cancelado. A lei está do nosso lado", disse Dieudonné em sua conta no Twitter.
O humorista inventou a "quenelle", gesto que lembra uma saudação nazista invertida. Para seus fãs, trata-se de uma "crítica ao sistema", sem fundo político. No dia 28 de dezembro, o jogador de futebol Anelka reproduziu o sinal depois de um jogo pelo West Bromwich, desencadeando novamente a polêmica em torno das declarações e conteúdo dos espetáculos de Dieudonné.
Além de Nantes, as Secretarias de Segurança Pública das cidades de Pau, Bordeaux, Tours, Orleans e Marselha também pretendem proibir as apresetanções do humorista. Caso a Justiça dê ganho de causa para ele, levando em conta o princípio de liberdade de expressão, como ocorreu no passado, o Estado deverá indenizá-lo.
Dieudonné é conhecido pela sua proximidade com a extrema-direita. O fundador do partido Frente Nacional, Jean Marie Le Pen, é padrinho de um de seus filhos. Além disso, ele é amigo do ex-presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O governo iraniano chegou até mesmo a financiar uma parte do seu filme, "O antissemita."
Paralelamente, a Justiça abriu um inquérito para investigar o humorista, suspeito de fraude fiscal e lavagem de dinheiro. De acordo com uma reportagem do jornal Le Monde, Dieudonné deveria 887.135 euros à Receita Federal francesa.
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