Conta suspeita na Suíça derruba ministro francês

O ministro do Orçamento francês, Jérôme Cahuzac, um dos pilares do gabinete do presidente François Hollande, pediu nesta terça-feira demissão do cargo. Sua posição se tornou insustentável após a abertura de um inquérito judicial sobre suspeitas de lavagem de dinheiro e fraude fiscal. Uma gravação supostamente com a voz de Cahuzac faz parte do inquérito.

Jérôme Cahuzac, ministro do Orçamento, no dia 23 de janeiro de 2013. REUTERS/Charles Platiau

A gravação que derrubou o ministro foi feita no final de 2000, quando Cahuzac, ainda deputado, teria deixado uma mensagem a respeito da conta na Suíça na secretaria eletrônica de Michel Gonelle, ex-parlamentar, que guardou o material por mais de dez anos. Para a polícia científica, a voz é provavelmente de Cahuzac.

Assim que a abertura do inquérito foi anunciada, François Hollande declarou que encerrava a colaboração de Cahuzac, a pedido do próprio. Em comunicado, Cahuzac reafirmou sua inocência e denunciou o “caráter caluniador” da acusação.

A demissão de Cahuzac acontece em um momento particularmente delicado. O ministro mal havia começado na segunda-feira a receber os outros ministros para determinar os cortes possíveis para conter o déficit público. Cahuzac, 60 anos, cirurgião que fez fortuna com implantes capilares, sempre negou ter uma conta na Suíça.

O site de informações Mediapart publicou o conteúdo da mensagem, mas sem informar a fonte. Segundo Meadiapart, a conta no banco UBS foi fechada em 2010 e o saldo foi transferido, por complexas transações para outra conta em Cingapura. Para Gonelle, bastava Cahuzac ter dito que já havia encerrado a conta antes de assumir um cargo tão alto. Cahuzac que será substituído por Bernard Cazeneuve, que ocupava até então o ministério das Relações Europeias.