Depois de 12 horas de depoimento, Sarkozy escapa de indiciamento

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi convocado pela justiça por juízes de Bordeaux que investigam o suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial em 2007 com fundos de Liliane Bettencourt, herdeira da L’Oréal. Depois de 12 horas de depoimento, Sarkozy recebeu o estatuto de "testemunha assistida", a meio caminho entre uma simples testemunha e um indiciado.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy fala ao telefone após depoimento em Bordeaux. REUTERS/Regis Duvignau

Os juízes de Bordeaux insistiram em convocar Nicolas Sarkozy após terem descoberto elementos que indicariam um suposto financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com o dinheiro da bilionária.

O objetivo é descobrir se o ex-presidente recebeu dinheiro diretamente, já que Liliane Bettencourt e seu marido, falecido em 2007, tinham o hábito de entregar envelopes cheios de notas a políticos, segundo ex-funcionários do casal.

Os juízes também querem saber se as atividades políticas de Sarkozy foram financiadas com parte dos € 4 milhões em dinheiro vivo que Patrice de Maistre, ex-administrador da família Bettencourt, trouxe de uma conta dos bilionários na Suíça entre 2007 e 2009.

Patrice de Maistre e Eric Woerth, ex-ministro e ex-tesoureiro da campanha de Sarkozy em 2007, já foram indiciados por seu envolvimento nesse caso.

Essa é a segunda vez desde 1958 que um ex-presidente francês é convocado por um juiz, depois que Jacques Chirac foi condenado no ano passado em dois processos sobre a criação de empregos fictícios na prefeitura de Paris.

Nicolas Sarkozy também corre o risco de ser implicado em outros processos nos próximos meses. Uma investigação preliminar sobre as pesquisas de opinião encomendadas pela presidência durante seu mandato foi aberta, enquanto duas outras investigações sobre supostos financiamentos ilegais de campanha eleitoral, a sua em 2007 e a de Edouard Balladur em 1995, podem ser iniciadas.