Associações pedem salas para consumo de drogas na França

A organização Médicos do Mundo e a associação Gaia-Paris apresentaram hoje um projeto de sala para consumo de drogas, na expectativa de que o governo francês autorize o funcionamento deste tipo de estrutura. O uso de drogas é proibido no país, mas o governo socialista já se mostrou favorável à abertura destas salas, para evitar contaminações por doenças.

Salas são destinadas a usuários de drogas injetáveis ou por inalação. Reuters

O objetivo é oferecer um local onde os usuários tragam as drogas e as consumam em condições adequadas de higiene, sob a supervisão de enfermeiros. Na França, a abertura destes lugares é proibida, ao contrário de cerca de 10 países europeus, como a Suíça e a Alemanha.

A ministra da Saúde, Marisol Touraine, afirmou em agosto ser favorável a lançar “rapidamente” a experiência na França. Em 2010, a região de Paris aprovou essa iniciativa, que depende da autorização em nível nacional.

O projeto apresentadp hoje deseja “reduzir a mortalidade, as infecções e a falta de higiene”, além da “exclusão social” gerada em torno dos dependentes químicos, conforme Elisabeth Avril, diretora da associação Gaia-Paris.

“Esperamos este sinal verde do governo, ou mesmo amarelo, para conseguirmos finalizar o projeto”, afirmou Avril. Ela espera que as salas possam ser abertas até meados de 2013, argumentando que diversos estudos demonstram a redução das infecções pelos vírus HIV e hepatite através da ferramenta. A ativista também ressaltou que as salas possibilitam a retomada do contato com dependentes que se mantêm à margem da sociedade – uma chance a mais para tentar salvá-los do vício.

As organizações envolvidas se recusaram a informar onde pretendem abrir o local para consumo de drogas, para não correr o risco de assustar os moradores antes mesmo que a iniciativa seja votada e aprovada. A ideia é acolher até 250 pessoas por dia, incluindo usuários de entorpecentes injetáveis e por inalação, como heroína e crack. Menores, embriagados ou pessoas que já apresentam efeitos das drogas não terão a entrada permitida.

Além de Paris, Marselha e Bordeaux também demonstram interesse em receber estas salas. Na semana passada, diversas associações de saúde, contra a Aids e de magistrados pressionaram o presidente francês, François Hollande, a cumprir a promessa de autorizar a experiência.