Sarkozy é comparado a Bush por seu ativismo militar
Caçador de ditador, chefe de guerra essas são apenas algumas das críticas endereçadas ao presidente Nicolas Sarkozy e sua política de intervenção militar na Líbia e na Costa do Marfim. A França participa das forças da Otan no Afeganistão e está agora envolvida em três conflitos militares no mundo, um ativismo que leva o deputado socialista Jean-Marie Le Guen a comparar o presidente francês com o ex-presidente americano George W. Bush.
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Foi a decisão da França de atacar os partidários de Laurent Gbagbo na Costa do Marfim, com o aval da ONU, mas sem consultar o parlamento francês, que desencadeou a polêmica. Os críticos dizem que o presidente francês tenta com esse ativismo militar melhorar sua imagem, arranhada após sua posição ambígua nas crises da Tunísia e Egito.
Tanto representantes da oposição quanto líderes africanos criticam a nova diplomacia intervencionista de Sarkozy e seu novo ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé. A intervenção na Costa do Marfim, ex-colônia francesa, vai contra a linha defendida pelo próprio Sarkozy de não ingerência no continente. Analistas lembram que a França, que manteve forças militares no país africano, é um protagonista de primeira linha na crise marfinense que divide o país há oito anos, mas desde 2004 ela mantinha uma certa neutralidade. Os bombardeios franceses, que poderiam ter sido efetuados somente pelas forças da ONU, podem complicar a relação da França com outros países africanos.
O governo francês justificou sua intervenção para proteger os civis. Mas o fato da França ter atacado somente as forças pró-Gbagbo e não as forças pró-Ouattara, que teriam cometido massacres no oeste do país, também gera polêmica. O cientista político Michel Galy estima que além das represálias imediatas contra franceses que vivem em Abidjan, a França corre o risco de ser indiciada por cumplicidade em crimes de guerra.
A oposição pede um debate na Assembleia para que o presidente Sarkozy explique sua nova doutrina e diga se daqui para frente as forças militares francesas irão intervir cada vez que a população de um país africano tentará se livrar de seu ditador.
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