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França/Greve

Violência marca sexta greve contra reforma das aposentadorias

A sexta greve contra a reforma da previdência do governo Sarkozy leva 3,5 milhões de pessoas às ruas nas principais cidades do país, segundo os sindicatos de trabalhadores, 1,1 milhão de acordo com o Ministério do Interior. A mobilização é marcada pela ação de baderneiros. A polícia dissipa o quebra-quebra com gás lacrimogêneo. O presidente Nicolas Sarkozy condena a violência e as depredações.

A tensão social aumenta, carros foram queimados em Nanterre, periferia da Paris, neste sexto dia de manifestação contra reforma da aposentadoria.
A tensão social aumenta, carros foram queimados em Nanterre, periferia da Paris, neste sexto dia de manifestação contra reforma da aposentadoria. Reuters
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O que as autoridades francesas temiam aconteceu. Grupos de baderneiros infiltram os protestos contra a reforma das aposentadorias em várias cidades francesas, no sexto dia de mobilização nacional contra o projeto de lei em tramitação no Senado. A tensão que aumentou nos últimos dias explodiu desde cedo, em episódios de violência em Lyon e Nanterre durante manifestações de estudantes secundaristas. Grupos promovem atos de vandalismo, depredando carros e outros bens do patrimônio público. Segundo o Ministério da Educação, 379 estabelecimentos de ensino registram perturbações. Ontem, quase 300 pessoas já tinham sido detidas para interrogatório por causa de quebra-quebra e dos confrontos com a polícia.

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A greve geral desta terça-feira atinge mais uma vez o setor dos transportes. Desde ontem os caminhoneiros participam do protesto, provocando lentidão e congestionamentos nas principais rodovias do país. A maior entidade empresarial francesa teme a paralisação da economia.

No aeroporto Charles de Gaulle-Roissy, o maior do país, na região parisiense, 30% dos voos foram cancelados. Em Orly, a metade dos voos foi anulada. Apenas um em cada seis trens rápidos previstos está em operação, mas o Eurostar, que liga a capital francesa a Londres, tem tráfego normal. Em Paris, o metrô funciona com intervalos maiores entre os trens. Somente metade dos trens de subúrbio, que ligam o centro da capital à periferia, circulam normalmente.

Em Paris, os manifestantes se reuniram no início da tarde na Place d'Italie, na zona sul da cidade, e caminharam até o monumento túmulo de Napoleão, Invalides, onde fica o museu das guerras mundiais. As estimativas de participação são divergentes. Segundo os sindicatos de trabalhadores, 330 mil pessoas se manifestaram nas ruas da capital contra a reforma das aposentadorias, 60 mil na contagem da polícia.

Governo libera estoques de petróleo para alimentar postos de gasolina

A equipe ministerial de Sarkozy se reuniu hoje para elaborar um plano contra o bloqueio no fornecimento de combustíveis aos postos de gasolina. Os motoristas enfrentam longas filas para encher o tanque em todas as regiões do país. Empregados das 12 refinarias de petroleo francesas mantêm a greve e vários depósitos de combustível continuam bloqueados. Cerca de 2,5 mil postos de gasolina de um total de 13 mil já não têm mais uma gota de gasolina.

O primeiro-ministro François Fillon garantiu que essa situação vai voltar ao normal daqui a quatro ou cinco dias. Para repor o serviço, serão utilizados estoques reguladores de combustível do Estado. Em discurso na Assembleia Nacional, Fillon disse que ninguém tem o direito de fazer refém um país inteiro. Ele afirmou que a intimidação, o bloqueio e a violência representam a negação da democracia e do pacto republicano francês.

Em pronunciamento na televisão, o presidente Nicolas Sarkozy condenou os atos de vandalismo e afirmou que o governo está tomando as medidas necessárias para atenuar a escassez de gasolina. "Eu entendo a preocupação dos franceses", afirmou o presidente. "Claro que eu acredito numa radicalização do movimento, mas o pior seria se eu não fizesse o meu dever de prever um financiamento para as aposentadorias de hoje e de amanhã", declarou o chefe de Estado francês em Deauville, ao final de um encontro com os líderes da Alemanha e da Rússia.

O Senado deverá encerrar a votação do texto até o final da semana. A reforma eleva a idade mínima legal da aposentadoria na França de 60 para 62 anos e de 65 para 67 anos para concessão da aposentadoria integral. 

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