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Justiça francesa indicia cinco pessoas por morte de estudante espancado na região parisiense

Quatro jovens foram indiciados por "assassinato" na noite deste domingo (7) após a morte do adolescente Shamseddine, 15 anos, espancado na quinta-feira (4) perto de seu colégio em Viry-Châtillon, na região de Essone, a cerca de 55 quilômetros de Paris. Uma menina de 15 anos, irmã dos acusados e pivô do crime, também foi indiciada “por não ter, intencionalmente, alertado a polícia e evitado o crime", segundo um comunicado divulgado pelo promotor francês Grégoire Dulin.

Cinco jovens foram indiciados pela morte de um adolescente de 15 anos em Viry-Châtillon, em Essone, a cerca de uma hora de Paris.
Cinco jovens foram indiciados pela morte de um adolescente de 15 anos em Viry-Châtillon, em Essone, a cerca de uma hora de Paris. © MIGUEL MEDINA, AGENCE FRANCE-PRESSE
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Dois dos acusados foram colocados em prisão preventiva e outros dois estão detidos provisoriamente até a próxima audiência, que acontecerá na quarta-feira (10). Os jovens foram presos na sexta-feira, um dia após o assassinato de Shamseddine. Ele chegou a ser atendido no Pronto-Socorro e internado no Hospital Necker, em Paris, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na tarde desta sexta-feira.

De acordo com as declarações dos acusados, citadas pelo Ministério Público,  dois deles, que são irmãos, descobriram alguns dias antes do crime que "a irmã trocava mensagens com garotos de sua idade sobre assuntos relacionados à sexualidade". 

Segundo o promotor francês, “para preservar sua reputação e a de sua família, os irmãos pediram a vários meninos que não falassem mais com a irmã, mas descobriram que Shamseddine se gabava de poder falar livremente com ela", acrescentou.

Os jovens, acompanhados por dois conhecidos, foram então na quinta-feira à saída do colégio Les Sablons, onde se encontraram “por acaso” com Shamseddine. De acordo com as declarações dos acusados, eles pediram ao adolescente que os acompanhasse até o hall de um prédio para "explicar o que ele andava dizendo sobre a menina".

"A briga começou e a vítima caiu", de acordo com o comunicado divulgado pelo promotor. O adolescente teria sofrido traumatismo craniano e teve outras lesões pelo corpo, segundo informações divulgadas pela rádio francesa FranceInfo.

O irmão de 20 anos chegou a pedir socorro, mas, "para garantir a fuga", deu "informações falsas à polícia, explicando que tinha visto vários jovens encapuzados fugindo a pé". Os dois irmãos já haviam sido condenados em casos de violência e drogas, segundo informações da FranceInfo.

A investigação apurou que a irmã de 15 anos, que também foi indiciada, não estava presente no momento da agressão. 

Reação do governo

Depois de uma série de casos de violência envolvendo adolescentes, o governo francês anunciou nesta segunda-feira (8) que pretende "agir aos primeiros sinais" de violência entre os jovens, segundo a porta-voz Prisca Thévenot. Ela citou a "criação de conselhos disciplinares" nas escolas primárias.

"Devemos ser capazes de agir antes que a situação piore", disse Thévenot ao canal France 2, em reação a outros casos ocorridos na semana passada.  Entre eles, o da menina Samara, de 14 anos, espancada em frente à sua escola em Montpellier, no sul da França, e a de outro adolescente da mesma idade, vítima de uma emboscada em Tours.

"Se chegamos a esse nível de barbárie, é necessário observar o que ocorreu antes" e "muitas vezes no primário", com "situações que temos tendência a considerar que não são graves, são coisas de criança, mas que, na verdade, devem ser punidas diretamente", afirmou.

"Temos de agir desde o ensino primário, criando conselhos disciplinares muito cedo", acrescentou a porta-voz. Segundo a representante do governo francês, isso seria uma forma de "responsabilizar todos os adultos em torno da criança" quando "falta autoridade e quando a criança se permite a pronunciar uma frase ou uma palavra que não deveriam ser ditas”, alertou.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, também defendeu o retorno de um conselho disciplinar à escola primária. Na sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que será “inflexível” em relação a todas as formas de violência.

(RFI e AFP)

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