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Macron é acusado de instrumentalizar eleições europeias com plano de ajuda à Ucrânia

Os principais jornais franceses desta terça-feira (12) abordam o apoio inveterado do governo da França à Ucrânia que vem à tona em plena campanha para as eleições europeias. A Assembleia de deputados vota hoje e o Senado amanhã um plano de ajuda militar a Kiev acertado em fevereiro que deve se tornar um campo de batalha entre o partido de Emmanuel Macron, a extrema direita e a esquerda radical.

O presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, em visita a Paris, em 16 de fevereiro de 2024.
O presidente francês, Emmanuel Macron, cumprimenta o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, em visita a Paris, em 16 de fevereiro de 2024. AFP - THIBAULT CAMUS
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"Quem apoia a Ucrânia?", questiona o jornal Le Parisien em sua capa, estampada com uma foto do presidente francês cumprimentando o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky. O diário lembra que, pela primeira vez desde o início da guerra, Macron pediu que parlamentares debatessem um robusto pacto de assistência a Kiev

Para Le Parisien, o momento é muito político e deve inflamar as oposições a menos de três meses das eleições europeias. Não por acaso pesquisas mostram o partido de extrema direita Reunião Nacional com cerca de 31% das intenções de voto, muito à frente da legenda governista, Renascimento, que chega em segundo lugar, com cerca de 18% da preferência.

Guerra no centro das eleições

O assunto também está na capa do jornal Libération, estampada com uma foto de Macron e Zelensky frente a frente. "A campanha da Ucrânia" é a manchete do diário progressista, que afirma que o presidente francês coloca a guerra no centro das eleições europeias, com o claro objetivo de tirar proveito da falta de consenso sobre a questão na extrema direita e na esquerda radical.

Em editorial, Libé explica que a iniciativa ocorre depois do fracasso da estratégia de dissuasão adotada por Macron no final de fevereiro, quando afirmou não descartar o envio de soldados à Ucrânia para enfrentar o exército russo. Segundo o texto, a ideia era mostrar ao presidente russo, Vladimir Putin, que a Europa não se dobraria diante de Moscou, mas com o recuo dos aliados europeus diante da ideia e da reação negativa que as declarações de Macron tiveram na França, o presidente francês se viu isolado.

Aposta arriscada

Mas, para o jornal Les Echos, levar a guerra na Ucrânia ao Parlamento francês é "uma aposta arriscada de Macron". Mesmo que o voto da Assembleia e do Senado sejam simbólicos e não-vinculativos, uma recusa das duas casas de aprovar o chamado "pacto bilateral de segurança" pode ter "consequências políticas catastróficas", avalia o diário. 

Les Echos afirma que o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, não exclui uma participação de Macron em um programa de entrevista na televisão, como fez o chefe de Estado em vários outros momentos-chave do país. O objetivo, segundo o diário, é acabar com os rumores de instrumentalização das eleições europeias e mostrar que a guerra na Ucrânia é uma questão verdadeiramente importante para a França.

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