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Em visita de Estado a Paris, emir do Catar discute paz em Gaza e anuncia investimentos de € 10 bi na França

 O emir do Catar, Tamim bin Hamad Al-Thani, assinou terça-feira (27), no primeiro dia da sua visita de estado à França, um acordo de compromisso de investimentos no valor de €10 bilhões na economia francesa até 2030. Com bilhões de investimentos em diversos setores da economia francesa, os catarianos estão em Paris para falar sobre a paz em Gaza e também para tratar de negócios. 

O emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, posa ao lado do presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte Macron antes de um jantar no Palácio do Eliseu como parte de uma visita de Estado de dois dias em Paris, França, em 27 de fevereiro de 2024.
O emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, posa ao lado do presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa Brigitte Macron antes de um jantar no Palácio do Eliseu como parte de uma visita de Estado de dois dias em Paris, França, em 27 de fevereiro de 2024. REUTERS - Sarah Meyssonnier
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“Assinamos um ambicioso plano de investimento de 10 bilhões de euros”, anunciou o presidente Emmanuel Macron durante um brinde, na abertura do jantar de gala oferecido em homenagem ao emir no Palácio do Eliseu.

“Estes investimentos fortalecerão as parcerias estratégicas entre nossos dois países”, acrescentou o emir e serão atribuídos a setores como transição energética, semicondutores, aeroespacial, inteligência artificial, digital, saúde e indústrias culturais.

Esta primeira visita de Estado à França de um emir do Catar em 15 anos, e a primeira de Tamim ben Hamad Al-Thani, desde a sua ascensão ao trono em 2013, é uma “enorme honra para França”, sublinhou Macron.

“Seu país é um país amigo da França, um parceiro fiel, estratégico, com quem sabe contar em situações difíceis”, acrescentou o presidente, lembrando a agenda comum de “defesa e segurança” que os dois Estados vão “fortalecer" na “luta contra o terrorismo”.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy, que lançou a aproximação com o Catar durante seu mandato (2007-2012), esteva na mesa de honra, entre a esposa do chefe de estado, Brigitte Macron, e o presidente do clube de futebol parisiense PSG, o empresário catariano Nasser Al-Khelaïfi, membro do círculo íntimo do emir.  

De Kylian Mbappé, capitão da seleção francesa de futebol e estrela do PSG, ao CEO da LVMH e homem mais rico do mundo, Bernard Arnault, ou Xavier Niel, principal acionista do grupo francês de telecomunicações Ilíada, os convidados chegaram ao Eliseu ao som de valsas vienenses tocadas pela Guarda Republicana.

Nicolas Sarkozy abraçou o emir, que também trocou algumas palavras, quase cúmplices, com Kylian Mbappé, que anunciou sua intenção de deixar o PSG no final da temporada.

Sarkozy foi alvo de uma investigação por corrupção relacionada à atribuição da Copa do mundo de futebol ao Catar. 

Negociações de paz

O emir, cujo país desempenha um papel fundamental nas negociações com Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, e Macron reiteraram, durante discussões, o objetivo de chegar “muito rapidamente a um cessar-fogo” em Gaza, indicou o Eliseu.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na noite de segunda-feira (26) que Israel concordou em cessar suas operações militares em Gaza durante o Ramadã (que começará em 10 ou 11 de março), a fim de permitir a libertação de todos os reféns do Hamas.

A libertação dos reféns é uma “prioridade” absoluta para a França, lembrou Macron. O emir, por sua vez, denunciou um “genocídio do povo palestino”, com “deslocamentos forçados” e “bombardeios selvagens”.

O Catar e a França assinaram uma declaração de intenções sobre a cooperação humanitária, particularmente em Gaza, incluindo um compromisso conjunto de € 200 milhões a favor dos palestinos.

Três aviões de carga franco-catarianos também levaram ajuda humanitária e médica para Al-Arish, uma cidade egípcia perto de Rafah, incluindo 75 toneladas de carga, dez ambulâncias, alimentos e quase 300 tendas familiares, anunciou o Eliseu.

“O futuro de Gaza está sendo traçado dentro de uma solução de dois Estados, com um estado palestino vivendo em paz com Israel e uma Autoridade Palestina fortalecida à sua frente”, insistiu o presidente francês.

O Emir, por sua vez, saudou o papel que a França poderia desempenhar no “estabelecimento da justiça nos dois Estados”.

Na quarta-feira (28), os primeiros-ministros da França, Gabriel Attal, e do Catar, Mohammed bin Abdelrahmane Al-Thani, presidirão um Fórum Econômico sobre oportunidades de investimento entre os dois países em inteligência artificial, descarbonização, semicondutores, biotecnologia e saúde.

Os dois Estados também relançarão suas relações culturais com a próxima visita da Ministra da Cultura francesa, Rachida Dati, ao Qatar.

A França é o principal investidor europeu no Catar, com 9 bilhões de dólares investidos em energia, aeronáutica, infra-estruturas e turismo. É também o segundo país em receber investimentos do Catar — cerca de € 30 bilhões em 2029 — depois do Reino Unido. 

Os investimentos na França são variados. O Catar é o segundo acionário da principal construtura do mundo, a francesa VINCI e é um dos cinco primeiros investidores no grupo francês Veolia Environnement, de fornecimento e gestão de águas, gestão de resíduos, energia e serviços de transportes.

O país também investe no luxo, com 1% do grupo LVMH, e nos esportes, com o seu mais visível investimento na França, a aquisição do clube Paris Saint-Germain, além de hotéis de luxo como o Península, o Royal Monceau, Maison Delano e o Carlton, em Cannes, e o Hotel de la Pais, em Paris. 

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