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“Pavor” e "horror", descrevem deputados franceses após assistirem às imagens dos ataques do Hamas

Os deputados franceses ficaram “chocados” e “emocionados” após assistirem ao filme das autoridades israelenses que mostra o ataque do Hamas de 7 de outubro. A projeção das imagens causou controvérsia entre os deputados, alguns se recusaram a assistir. Um esquema de emergência foi mobilizado, com bombeiros e ambulância, caso participantes se sentissem mal, devido ao teor violento das imagens.  

Famílias de reféns israelenses do Hamas fazem manifestação para pedir sua libertação imediata diante do Parlamento, em Jerusalém, em 6 de novembro de 2023.
Famílias de reféns israelenses do Hamas fazem manifestação para pedir sua libertação imediata diante do Parlamento, em Jerusalém, em 6 de novembro de 2023. REUTERS - RONEN ZVULUN
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“Ataque à humanidade”, “pavor” e “horror” foram as palavras usadas pelos deputados franceses para testemunhar sobre a exibição, na terça-feira (14) na Assembleia Nacional, de um filme compilado pelas autoridades israelenses mostrando os massacres cometidos pelos comandos do Hamas em Israel, no dia 7 de outubro.

“Acredito que quem viu este vídeo não conseguirá dormir em paz por muito tempo”, disse o deputado, Mathieu Lefèvre, descrevendo os fatos narrados neste filme de 40 minutos como “um ataque a toda a humanidade".

Lefèvre foi um dos organizadores da exibição, proposta aos membros do grupo de amizade França-Israel da Assembleia Nacional que ele preside, a portas fechadas, sem telefones nem colaboradores.

O vídeo, já apresentado a jornalistas e diplomatas em Israel e outros países, foi feito a partir de imagens de câmeras e telefones de agressores do Hamas, mortos ou feitos prisioneiros, e de imagens captadas por vítimas e socorristas.

As imagens mostram civis sendo perseguidos, mortos à queima-roupa, cadáveres de adultos e crianças torturados e jogados em matagais e bebês em sacos para cadáveres. As gravações também mostram os terroristas enaltecendo suas ações.

Após a exibição, deputados emocionados testemunharam diante da imprensa. Em lágrimas, o deputado Meyer Habib (do partido de direita Os Republicanos), cuja jurisdição eleitoral para os franceses que vivem no exterior abrange Israel, lutou para recuperar o fôlego.

Mais adiante, Éric Ciotti (Os Republicanos) disse que “teve que desviar o olhar” diante do horror de certas cenas.

“As imagens que vi são extremamente violentas”, disse o deputado David Guiraud durante um breve discurso. “Acredito que nunca esquecerei de respeitar todos os mortos”, concluiu o eleito do partido de esquerda radical, A França Insubmissa. Um dos maiores defensores da causa palestina, Guiraud se envolveu em uma polêmica no último sábado, acusado de relativizar as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro em Israel.

Projeção gerou controvérsia

A projeção dessas imagens dividiu os deputados, sobretudo sobre a participação. A esquerda, cética, se opôs à projeção. O primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, disse não querer “participar no que foi inicialmente uma operação de propaganda do Hamas”, em referência às imagens filmadas pelos próprios agressores.

 “A França deve manter esta postura histórica de não abraçar a tese de um lado ou de outro e a nossa capacidade de continuar a falar tanto com israelenses como com palestinianos”, acrescentou.

Entre os comunistas, que também se recusaram a participar, alguns deputados chegaram ao ponto de criticar "uma forma de indecência nesta iniciativa", segundo o deputado de Bouches-du-Rhône, Pierre Dharréville.

Questionado pela AFP, o senador do partido Os Republicanos, Roger Karoutchi, presidente do grupo de amizade com Israel no senado, indicou que também pretende organizar uma transmissão na casa, sem data ainda definida.

Várias exibições já ocorreram em Israel, na ONU e em cerca de trinta países, segundo um porta-voz da embaixada israelense em Paris. O ataque do Hamas deixou cerca de 1.200 mortos do lado israelense, a maioria civis mortos em 7 de outubro, segundo os últimos dados oficiais israelenses.

Os militares israelitas estimam ainda que cerca de 240 pessoas foram feitas reféns na Faixa de Gaza durante o ataque inicial do Hamas.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses de retaliação mataram mais de 11 mil pessoas desde 7 de outubro, a maioria civis, incluindo mais de 4.600 crianças, segundo relatórios do Ministério da Saúde do Hamas.

O acesso à projeção era estritamente reservado aos deputados. Os telefones também foram proibidos para evitar qualquer captura de imagens. “Chamamos a atenção das pessoas que desejam ver o filme para o fato de as imagens serem particularmente chocantes”, dizia o e-mail de convite, de acordo com o site da Franceinfo. Devido ao teor das imagens, bombeiros, médicos e até psicólogos foram mobilizados para atender os deputados.

(Com AFP)

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