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Em Gaza, hospitais parecem ‘necrotérios’ e ‘o direito à vida foi extinto’, diz imprensa francesa

Os principais jornais franceses desta terça-feira (14) abordam a situação catastrófica dos hospitais da Faixa de Gaza, entre eles Al-Shifa, o maior do enclave. Cercado pelas forças israelenses, sem água ou energia elétrica, pacientes morrem no local pela impossibilidade de receberem cuidados médicos ou serem retirados. 

Gaza, hôpital al-Chifa, les patients et réfugiés pêle-mêle dans les couloirs de l'hôpital, le 10 novembre 2023.
Pacientes e refugiados amontoados nos corredores do hospital Al-Shifa em Gaza. AFP - -
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"Um alvo impensável" é a manchete do jornal Libération que estampa sua capa com uma foto da fachada Al-Shifa, alvo de bombardeios israelenses nos últimos dias. A matéria explica que Tel Aviv alega que o hospital serve de base para o grupo Hamas, supostamente armazenando material bélico e servindo de abrigo a terroristas. Ao mesmo tempo, além de doentes, o estabelecimento acolhe cerca de 8 mil pessoas que se refugiaram no local, no norte do enclave, além de 3 mil pacientes, funcionários e médicos.

"Hospitais da cidade de Gaza se transformam em necrotérios" é o título de uma reportagem do jornal Le Figaro. Segundo o Ministério da Saúde palestino, é insuportável o cheiro de putrefação no hospital Al-Shifa, onde centenas de corpos de vítimas estariam apodrecendo pela impossibilidade de serem sepultados. 

O diário destaca que esse não é o único hospital a sofrer as consequências da guerra: o Al-Qods, da organização humanitária Crescente Vermelho palestino, parou de funcionar no último domingo (12). Outros centros de saúde, como a Clínica Sueca, dentro do Centro de Refugiados de Al-Shati, e o hospital Al-Mahdi, foram bombardeados. Além do comprometimento de suas estruturas, médicos e enfermeiros também morreram nos ataques, reitera o texto.   

"Em Gaza, o direito à vida foi extinto" é a manchete do jornal La Croix, que reproduz o testemunho do jornalista Mohamed Mhawish, correspondente do canal Al-Jazeera na capital do enclave. Apesar da dificuldade de contato com moradores do local, o diário conseguiu reunir relatos enviados por aplicativo de conversa WhatsApp que retratam o horror da guerra e a falta de perspectiva das pessoas. 

O fotógrafo Motaz Azaiza diz ao La Croix ter visto corpos enrolados em cobertores e empilhados no hospital Al-Shifa, pela impossibilidade das famílias realizarem funerais. Uma família que partiu em direção ao sul do enclave preferiu levar consigo o cadáver do seu bebê que morreu no trajeto. "A morte ronda e chega a cada instante", diz o impresso, salientando o cálculo da médica palestina Samah Jaber, segundo o qual, uma pessoa morre a cada cinco minutos na Faixa de Gaza. 

EUA: Biden pede "ações menos intrusivas" de Israel

O presidente norte-americano Joe Biden pediu a Israel na segunda-feira (13) que proteja o principal hospital de Gaza, perto do qual estão ocorrendo combates entre o exército israelense e os combatentes do Hamas.

"Espero e conto com uma ação menos intrusiva no hospital", disse ele na Casa Branca, quando perguntado pelos repórteres se ele havia discutido o assunto com os líderes israelenses. "O hospital deve ser protegido", pronunciou.

O presidente dos EUA ainda acrescentou que um acordo para a "libertação de prisioneiros" ainda estava sendo negociado com a ajuda do Catar.

De acordo com um cirurgião da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), centenas de pessoas estão presas no hospital Al-Shifa em condições "desumanas". Israel insiste que o Hamas instalou sua infraestrutura em uma rede de túneis sob o hospital de Al-Shifa, mas o Hamas nega.

O prédio foi transformado em uma zona de guerra, enquanto os médicos e as organizações humanitárias estão alarmados com o destino de milhares de civis e pacientes.

Foto divulgada pelo médico. Marawan Abu Saada mostra bebês palestinos nascidos prematuramente no Hospital Al-Shifa, em Gaza, no domingo, 12 de novembro de 2023. O maior hospital de Gaza tornou-se o foco de um impasse na guerra de Israel contra o Hamas.
Foto divulgada pelo médico. Marawan Abu Saada mostra bebês palestinos nascidos prematuramente no Hospital Al-Shifa, em Gaza, no domingo, 12 de novembro de 2023. O maior hospital de Gaza tornou-se o foco de um impasse na guerra de Israel contra o Hamas. AP - Dr. Marawan Abu Saada

 

"Corredor" de evacuação

Israel, que está ordenando que a população abandone as zonas de guerra, anunciou que um "corredor" de evacuação permaneceria em vigor para permitir que os civis deixassem o hospital de Al-Shifa, ao mesmo tempo em que admitiu que a área era palco de "intensos combates".

A força israelense vem atacando incessantemente a Faixa de Gaza desde que os comandos do Hamas lançaram um ataque em seu solo em 7 de outubro, e vem conduzindo uma operação terrestre desde 27 de outubro com o objetivo de "exterminar" o movimento islâmico.

Do lado israelense, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, de acordo com as autoridades, a grande maioria delas civis mortos no dia do ataque, em uma escala e com uma violência nunca vistas desde a criação de Israel em 1948.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram 11.240 pessoas desde 7 de outubro, a maioria delas civis, incluindo 4.630 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.

(Com informações da AFP)

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