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Francês é julgado por estupro e agressão sexual de mais de 20 menores na Malásia

Um cidadão francês que morava em Singapura está sendo julgado pelo Tribunal Penal Departamental de Paris por estupro e agressão sexual contra mais de 20 menores da Malásia entre janeiro de 2014 e outubro de 2017. Ele também é suspeito de ter abusado sexualmente de ao menos 50 menores em outros países asiáticos durante cerca de 30 anos.

Francês está sendo julgado pelo Tribunal Penal Departamental de Paris por estupro e agressão sexual contra mais de 20 menores da Malásia, entre janeiro de 2014 e outubro de 2017 (Imagem de ilustração).
Francês está sendo julgado pelo Tribunal Penal Departamental de Paris por estupro e agressão sexual contra mais de 20 menores da Malásia, entre janeiro de 2014 e outubro de 2017 (Imagem de ilustração). © Getty Images/Steve West/EyesWideOpen
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“Hoje estou ciente de que sou doente”, afirmou Jean-Christophe Quenot, de 56 anos, no início da audiência. “Não podemos voltar atrás, mas apresento minhas mais sinceras desculpas às vítimas”, acrescentou.

Quenot deve responder por estupro e agressão sexual contra 25 meninos malaios de entre 10 e 17 anos, cometidos de janeiro de 2014 a outubro de 2017.

O presidente do tribunal, Laurent Raviot, registou 70 crimes de agressão sexual e sete de estupro contra as vítimas, identificadas apenas pelo apelido que Jean-Christophe Quenot lhes atribuiu nos cadernos em que narra suas experiências sexuais. O acusado reconheceu os crimes diante do tribunal. 

Ele está sendo julgado apenas pelos atos cometidos na Malásia, apesar de ser suspeito de ter abusado sexualmente e estuprado pelo menos 50 menores em diversos países — Tailândia, Malásia, Singapura, Filipinas, Índia, Sri Lanka e Indonésia — durante cerca de 30 anos.

A Justiça francesa quis “dividir” os muitos casos em que ele está envolvido. “Investigações particularmente pesadas, tanto pelo número de abusos sexuais prolongados ao longo do tempo, quanto pelas investigações internacionais (...), devem continuar no que diz respeito às outras acusações”, afirmaram os investigadores.

Os advogados de Quenot alegaram um “truque processual”, pedindo, em vão, que o julgamento fosse adiado para que seu cliente pudesse ser julgado de uma vez por todas.

Preso em flagrante

Quenot, que trabalhava como professor de francês, se estabeleceu em Singapura no início da década de 1990. A suspeita é de que tenha abusado de dezenas de crianças entre 1990 e 2019.   

Ele foi preso em flagrante em fevereiro de 2019 pela polícia tailandesa quando estava em um quarto de hotel em Bangkok com dois meninos de 14 anos. A polícia também descobriu uma câmera e um computador com conteúdo pornográfico com crianças.

O professor de francês foi libertado poucos dias depois de pagar fiança de 300 mil bahts (cerca de R$ 41,8 mil) em dinheiro.

Com seu passaporte francês, ele conseguiu sair ilegalmente da Tailândia via Malásia para chegar à França. Quenot foi finalmente preso na casa de sua família em Besançon em 30 de março de 2019.

Enquanto estava sob custódia policial, ele admitiu pagar a meninos para satisfazer suas fantasias. “Encontramos rapazes abertos ao comércio do sexo porque são pobres e precisam de dinheiro”, explicou ele. Questionado sobre os filmes que fez, ele afirmou que “as crianças gostam de bancar a ‘estrela pornô’ quando fazem sexo comigo”.

Mais de 174 mil fotos e vídeos que o mostram abusando de crianças foram apreendidos pelos investigadores.

Consentimento forçado

No tribunal, Jean-Christophe Quenot admitiu que se contentava "com um ‘sim’ em troca de dinheiro” como forma de “consentimento” das crianças. “Achei que isso bastasse”, disse ele antes de admitir que estava “errado”. “O consentimento é muito mais sutil do que isso”, completou ele.

Para os investigadores, os atos sexuais cometidos por Jean-Christophe Quenot “foram possíveis não por um consentimento livre e consciente dos menores, mas pela força imposta e, para alguns, pela violência exercida”.   

“As condições de vida muito precárias, econômicas e sociais, destas crianças — situação que as obriga a se entregarem à prostituição em desespero — as colocaram em uma certa vulnerabilidade que necessariamente aniquilou sua liberdade de escolha”, sublinhou o juiz.

O interrogatório de Jean-Christophe Quenot está marcado para segunda-feira (6), as requisições e a sentença serão conhecidas na terça-feira (7). Ele pode ser condenado a 20 anos de prisão.

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