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Especialistas em mudanças climáticas são atacados por grupos negacionistas nas redes sociais da França

A imprensa francesa desta quinta-feira (5) destaca a onda de ataques contra cientistas da França por grupos negacionistas. Segundo o jornal Le Monde, os especialistas em mudanças climáticas são o principal alvo dos agressores, que questionam a responsabilidade humana no aquecimento global. 

Ativistas protestam contra o negacionismo ambiental em Paris, em 23 de setembro de 2022.
Ativistas protestam contra o negacionismo ambiental em Paris, em 23 de setembro de 2022. AFP - STEPHANE DE SAKUTIN
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O diário entrevistou vários cientistas que relatam ter sofrido assédio moral online e ameaças de violências físicas. Cansado dos ataques a cada postagem que realizava, o célebre climatologista francês Christophe Cassou, do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), decidiu fechar suas contas nas redes. "Todas as minhas publicações eram criticadas, ridicularizadas, manipuladas, minhas informações eram modificadas", relembra. 

A situação de Christophe Cassou não é exceção: em uma pesquisa publicada no ano passado, vários cientistas de diversas áreas constataram que o fim da crise sanitária ligada à Covid-19 impulsionou milhares de perfis conspiracionistas a escolher novos assuntos para disseminar suas paranoias. Segundo o estudo, atualmente 30% das contas negacionistas na rede social X (ex-Twitter) disseminam teorias climatocéticas. 

Cientistas em rebelião

O jornal Libération trata das sanções dos próprios governos contra esses pesquisadores. Nesta quinta-feira, uma dezena de especialistas do coletivo "Cientistas em Rebelião" foi convocada a depor pela secretaria de Segurança Pública de Paris por terem realizado um protesto diante do Museu de História Natural em 2022, denunciando a inação das autoridades diante da crise ambiental. 

O diário lembra que o ato não provocou violências ou degradações. Uma faixa foi estendida pelos manifestantes dentro do museu com as palavras "Dizer a verdade não é um crime". Em seguida, alguns membros do coletivo discursaram e eles deixaram o local por conta própria, sem nenhuma intervenção policial. Algumas semanas depois, eles foram condenados a pagar € 300 por desobediência civil. 

Manifesto pede maior mobilização

Libération também publica um manifesto do grupo que pede a mobilização da comunidade científica contra uma tendência crescente por parte dos governos e da própria sociedade de contestar seus alertas e atos. "A esta dificuldade se acrescenta a criação de dúvidas através da propagação de discursos contraditórios provenientes de atores que têm todo o interesse em fazer recuar as mudanças implicadas nas transições ecológicas e sociais", diz o texto. 

Segundo o jornal, para uma parte desses especialistas, atualmente é insuficiente produzir artigos científicos esperando uma reação das autoridades políticas e do grande público - iniciativas que nem sempre são bem vistas. No entanto, o grupo  defende que faz parte de seu próprio dever "investir em novas formas de interagir com a sociedade, entrando no espaço público ou midiático para promover conhecimento e denunciar de todas as formas possíveis as tentativas de desinformação", conclui o manifesto. 

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