Macron apresenta plano de transição ecológica que prevê fim da produção de carvão em 2027
O presidente Emmanuel Macron apresentou nesta segunda-feira (25) o plano de transição ecológica do governo francês para descarbonizar a economia e levar o país a reduzir sua dependência de energias fósseis – carvão, petróleo e gás – sem prejuízo para sua soberania.
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Referindo-se a uma "ecologia que cria valor econômico" e garante a soberania, Macron enfatizou a necessidade de desenvolver setores industriais no solo francês e "ter uma estratégia 'made in Europe'", para acabar com a "dependência" de combustíveis fósseis, que, segundo ele, custaria à França "€ 120 bilhões por ano".
"Decidimos (...) desenvolver um setor industrial de bombas de calor, que é uma alavanca formidável de substituição" de energias poluentes usadas para aquecimento doméstico. "A ideia é triplicar a produção desse tipo de equipamento até 2027 e produzir um milhão de bombas de calor por ano no país, ao mesmo tempo em que treinamos 30.000 instaladores", declarou o presidente francês.
De acordo com fontes do governo, ao triplicar a produção de bombas de calor, a França poderia gerar uma economia anual de € 2 bilhões em sua balança comercial. Como o país está avançado em relação aos vizinhos na fabricação desse produto – o mercado ainda é praticamente inexistente no Reino Unido e fraco na Alemanha –, o objetivo também seria exportar para outros países do bloco.
A bomba de calor é considerada um "setor industrial estratégico" pela União Europeia, onde o mercado é estimado em 5 milhões de unidades por ano até 2030.
Fim da produção de carvão
"Nossa prioridade é abandonar a produção de carvão", afirmou Macron, anunciando que as últimas plantas produtoras deste combustível extremamente poluente serão fechadas até 2027, antes do prazo previsto pela União Europeia. Atualmente, o carvão é usado para produzir apenas 3% da energia primária consumida na França.
De acordo com esse planejamento do Estado, a produção de energia nuclear deve ser mais desenvolvida. O governo quer incentivar a produção de energia solar e eólica, mas também construir pelo menos seis novos reatores nucleares entre 2035 e 2050. Essas questões serão examinadas mais detalhadamente e farão parte da Lei de Planejamento Energético e Climático (LPEC), que deverá ser revisada até o final do ano.
A descarbonização das 50 instalações industriais que mais emitem CO2, anunciada há um ano, deve permitir que as emissões industriais sejam reduzidas em 45% até 2030, disse o presidente. Os planos elaborados para os principais fabricantes de aço, produtos químicos e cimento que fazem parte desse grupo "serão assinados no final de outubro e início de novembro", acrescentou. Em seguida, eles serão estendidos às pequenas e médias empresas. Segundo Macron, essa estratégia prevê investimentos maciços para tornar os métodos de produção menos poluentes ou para capturar o carbono cuja produção não pode ser evitada. Recentemente, ele citou a cifra de € 40 bilhões em investimentos.
O líder francês também confirmou que o governo fará "um grande inventário dos recursos minerais" existentes no país, uma vez que são "necessários à transição ecológica", principalmente os metais usados na alimentação de baterias elétricas.
"Precisamos fazer um mapeamento preciso dos recursos de lítio e cobalto em nosso território", disse ele, acrescentando que também é preciso "examinar de perto os depósitos naturais de hidrogênio que poderiam desempenhar um papel importante na produção dessa energia do futuro".
Hidrogênio e sequestro de carbono
Com relação a dois grandes projetos industriais, de produção de hidrogênio e sequestro de carbono, Macron acredita que a futura legislação para o ensino superior e pesquisa poderá ajudar em sua implementação.
Segundo o presidente, o governo estuda meios de criar pelo menos um local na França destinado a armazenar carbono sequestrado da atmosfera, com o mesmo objetivo de reduzir a dependência externa. A mesma ideia de independência se aplica aos carros elétricos. "Teremos pelo menos um milhão de carros elétricos produzidos em solo francês até 2027", disse ele.
O plano de transição ecológica do governo francês foi apresentado ao final de duas horas de reunião do presidente com o Conselho de Planejamento Ecológico, no Palácio do Eliseu. Macron afirmou que as medidas foram elaboradas ao longo de 14 meses. A primeira-ministra Élisabeth Borne coordenou o trabalho que identificou, setor por setor, o esforço necessário para cumprir as metas de descarbonização da França e reduzir as emissões de gases de efeito estufa do país em 55% até 2030.
Todas as decisões, ressaltou o presidente, "foram adotadas com base na ciência", nas recomendações feitas por cientistas integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), da ONU".
A maior parte das medidas contidas no plano já tinham sido apresentadas aos partidos políticos e à sociedade civil na semana passada pela primeira-ministra francesa. A esquerda, em particular, expressou sua decepção com os projetos.
Com a AFP
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