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“É como destruir favelas no Brasil”: ONG denuncia expulsão de migrantes de Paris antes de Olimpíada

Cerca de 1600 migrantes foram retirados das ruas de Paris e enviados para outras regiões da França nos últimos seis meses. Segundo algumas ONGs, as operações fazem parte de um programa implementado pelas autoridades para tirar essas pessoas da capital antes dos Jogos Olímpicos de 2024.

Acampamento de migrantes nos arredores de uma estação de metrô em Paris pouco antes do desmantelamento.
Acampamento de migrantes nos arredores de uma estação de metrô em Paris pouco antes do desmantelamento. AFP - JULIEN DE ROSA
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O Estado francês estaria expulsando os migrantes de Paris para “limpar” a cidade antes dos Jogos Olímpicos? Essa é a denúncia lançada por associações após a divulgação do número de imigrantes clandestinos enviados para outras regiões do país nos últimos meses.

A retirada faz parte de um dispositivo organizado pelas autoridades locais há seis meses e que já contou com o desmantelamento de vários acampamentos ilegais. Em cada ação, os migrantes são enviados para outras cidades francesas.

Foi o caso esta semana, quando centenas de pessoas foram retiradas dos arredores de uma estação de metrô no nordeste de Paris. O acampamento estava instalado há meses no vão sob uma parte aérea da via férrea, em um local que habitualmente acolhe quadras de basquete. Como opção, as autoridades incitavam cada um a embarcar em ônibus que os levou para as cidades de Marselha, no sudeste, ou Bordeaux, no sudoeste do país.

Pessoas "indesejáveis"

“Estamos convencidos de que esse dispositivo foi criado para os Jogos Olímpicos”, denuncia Pierre Alauzy, coordenador da ONG Médicos do Mundo. “O objetivo é retirar das ruas o máximo de pessoas consideradas ‘indesejáveis’ pelo Estado e enviá-las para o interior do país”, disse ele em entrevista à radio FranceInfo.

As operações geralmente são realizadas em tempo recorde: em menos de meia-hora um acampamento é desmantelado e os migrantes são colocados em ônibus, muitas vezes sem entender o que está acontecendo, como relatou uma reportagem da emissora FranceInfo. “Na realidade, o que estão fazendo não é muito diferente de destruir favelas no Brasil antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro [em 2016]”, compara Pierre Alauzy.

O governo afirma que o dispositivo “não está ligado aos Jogos Olímpicos”, como informou Georges Bos, diretor do polo Migrantes e Refugiados da delegação interministerial encarregada de questões de moradia. Segundo ele, o objetivo das autoridades é tirar as pessoas de condições insalubres e ajudá-las para que elas possam “construir uma vida em Bordeaux ou Marselha. Eles podem escolher”, retruca Bos na reportagem da FranceInfo.

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