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França repatria 25 crianças e 10 mulheres detidas em campo de prisioneiros jihadistas na Síria

A França repatriou nesta terça-feira (4) 25 crianças e 10 mulheres que estavam detidas em campos de prisioneiros jihadistas no nordeste da Síria. As mulheres estão sob custódia judicial e os menores foram entregues aos serviços responsáveis pelo bem-estar infantil e serão submetidos a monitoramento médico e social, segundo informou o ministério de Relações Exteriores.

Campo de prisioneiros jihadistas de Al-Hol, na Síria
Campo de prisioneiros jihadistas de Al-Hol, na Síria REUTERS - Ali Hashisho
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As mulheres, de nacionalidade francesa, têm entre 23 e 40 anos. Elas viajaram voluntariamente para territórios controlados por grupos jihadistas na zona do Iraque e da Síria e foram capturadas como prisioneiras em 2019, quando o grupo Estado Islâmico (EI) caiu. As autoridades não informaram se essas mulheres eram casadas com jihadistas ou se estavam diretamente envolvidas com as atividades do EI. 

Assim que chegaram à França, sete das mulheres foram levadas sob custódia imediatamente e outras três vão ser apresentadas a um juiz de instrução para serem indiciadas.

Essas mulheres e crianças viviam nos campos de prisioneiros de Al-Hol e Roj, controlados pelos curdos. Nesses campos, a violência é endêmica e a população sofre com falta de comida e materiais de higiene. 

"Estou aliviada principalmente por duas menininhas órfãs, cuja repatriação eu peço há quatro anos e meio. Elas estão traumatizadas por tudo o que viram e finalmente estão em segurança na França. Estou aliviada, mas também indignada, pois são quatro anos e meio da vida delas perdidos", afirmou à RFI a advogada Marie Dosé, que representa as famílias de mulheres e crianças mantidas em campos no nordeste da Síria.

No início de março, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, descreveu o campo de Al-Hol como "o pior do mundo".

Essa foi a quarta operação do gênero apenas neste ano. O ciclo de repatriações começou após a França ser condenada pelo Comitê contra a Tortura da ONUNo entanto, as famílias francesas com parentes nos campos jihadistas temem que seja a última.

Medo de ataques

A questão da repatriação dessas pessoas, com histórico de relação com grupos terroristas, é delicada na França, país alvo de numerosos ataques jihadistas, principalmente em 2015, fomentados pelo EI.

O ministério francês de Relações Exteriores não soube informar quantas mulheres e crianças francesas ainda estão detidas na Síria.

"Ainda há cerca de cem crianças nesses campos que não conhecem nada além de sujeira, arame farpado e violência", disse Marie Dosé.

Em sua opinião, Paris "tem como forçar o retorno dessas crianças, que podem ser levadas com suas mães para o Curdistão iraquiano com o objetivo de serem deportadas para a França, quer as mulheres aceitem ou não esse retorno".

A advogada considera que essas crianças sofrem uma pena dupla: são "vítimas (...) em primeiro lugar da escolha de seus pais e, em segundo lugar, da França, que se recusa a repatriá-las há cinco anos".

De acordo com o United Families Collective, representantes do governo francês visitaram o campo de Roj em maio, onde conversaram com "todas as mulheres francesas". Eles "perguntaram se elas concordavam ou não em ser repatriadas com seus filhos em uma repatriação (...) apresentada como 'a última'".

O grupo, que condena as condições de vida que são "incompatíveis com o respeito à dignidade humana", está pedindo ao governo que tome "todas as medidas necessárias agora para repatriar todas as crianças francesas detidas na Síria, bem como suas mães".

Com AFP

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