Acessar o conteúdo principal

França: 'vaquinhas' em apoio à família de policial que matou Nahel reúnem o equivalente a R$ 5 milhões

O policial Florian M., 38 anos, autor do disparo que matou o adolescente Nahel M. durante uma blitz em Nanterre, nos arredores de Paris, foi indiciado por homicídio doloso. Desde então, ele tem recebido apoio simbólico, mas também financeiro, de dezenas de milhares de representantes e simpatizantes da extrema direita na França. A morte do jovem foi o estopim de uma série de protestos violentos em várias cidades do país. 

Loja é atingida no centro de Paris em protestos após a morte de Nahel, assassinado por um policial à queima-roupa.
Loja é atingida no centro de Paris em protestos após a morte de Nahel, assassinado por um policial à queima-roupa. © Lucien Libert / Reuters
Publicidade

A vaquinha online lançada em apoio à família do policial já tinha ultrapassado € 1 milhão (o equivalente a mais de R$ 5 milhões) no início da tarde desta segunda-feira (3). Outra coleta, lançada por um coletivo de motoqueiros da região parisiense, arrecadou mais de € 60 mil (R$ 310 mil).

O militante de extrema direita Jean Messiha, ex-porta-voz da campanha do ex-candidato de extrema direita à presidência, Eric Zemmour, é o organizador da primeira coleta. Na descrição publicada no site francês que hospeda a iniciativa, ele explica que a vaquinha foi criada "em apoio à família do policial de Nanterre, Florian M., que fez seu trabalho e hoje está pagando caro por isso".

Messiha já havia tentado organizar outra vaquinha online, em 30 de junho, que chegou a atingir € 5 mil  (R$ 25 mil) e foi suspensa cerca de 20 minutos depois. O primeiro site teria pedido uma cópia da carteira de identidade da mulher do policial para manter a coleta ativa. Messiha então preferiu trocar de plataforma.

Coletivo critica iniciativa

O coletivo Sleeping Giants France, que luta contra o financiamento dos "discursos que incitam ao ódio", pediu à segunda plataforma, GoFundMe, que verificasse se a vaquinha lançada por Messiha respeitava os termos e condições gerais de utilização. 

"A simples existência dessa iniciativa aumenta o sentimento de injustiça e gera tensão", escreveu o coletivo no Twitter, pedindo que o dinheiro também não seja usado para pagar as custas processuais do policial.

Membros da oposição francesa também criticaram a coleta, segundo o canal de TV francês BFMTV.  "Vocês alimentam uma situação social complexa e apoiam um policial indiciado por homicídio doloso", escreveu o secretário do Partido Socialista, Olivier Faure. Muitos políticos da esquerda e extrema esquerda francesa pediram que a vaquinha fosse suspensa.

Jean Messiha, ex-porta-voz do ex-candidato à presidência Eric Zemmour
Jean Messiha, ex-porta-voz do ex-candidato à presidência Eric Zemmour © RFI

"Jean Messiha está botando lenha na fogueira e gerando tumultos. Obter centenas de milhares de euros para um policial indiciado é indecente e escandaloso", denunciou Eric Bothorel, deputado do partido Renaissance, do presidente Emmanuel Macron.

O secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nunez, recusou-se a fazer comentários. Os sindicatos da polícia apoiaram a iniciativa.

"Quando um policial está em uma situação dessas, tem que se virar sozinho. E é por isso que existem vaquinhas espontâneas de outros colegas para ajudar a família", explicou o secretário nacional de um dos principais sindicatos policiais da França, Jean-Christophe Couvy.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.