Jornais franceses comentam reutilização da água e outras estratégias em meio à crise do clima
As questões ambientais recebem especial atenção dos principais jornais franceses nesta quarta-feira (28). A aceleração do desflorestamento no mundo, a gestão da água quando países da Europa enfrentam cenários de seca, o papel dos ativistas ambientais, além do excesso de expectativas em torno da ciência para trazer soluções à crise climática estão na pauta das edições que chegam hoje às bancas.
Publicado em: Modificado em:
O Libération dedica dois artigos aos temas ambientais. Seu editorial alerta sobre a "irresponsabilidade" de contar apenas com a ciência para limitar a crise climática e suas consequências, o que o texto chama de "um milagre perigoso".
Para o jornal, esta seria uma estratégia motivada por interesses econômicos e políticos para se esquivar de outras medidas fundamentais nesse contexto, a começar pela redução massiva do consumo de energias fósseis.
O jornal ainda retoma a polêmica em torno da dissolução do coletivo Soulèvement de la Terre, realizada em 21 de junho de Conselho de Ministros de Emmanuel Macron.
A edição confronta a opinião de dois especialistas, que, de um lado, veem o fim do movimento ecologista como um "claro sinal de desvio" do poder, enquanto, de outro, o grupo é classificado como "idiotas úteis" da ecologia, questionando se a democracia estaria realmente em perigo por permitir a uma "organização sem transparência de continuar suas ações".
Reciclagem da água
Já o Le Parisien foca na crise hídrica, quando a França enfrenta um grave cenário de seca. A publicação sugere que o país se inspire no modelo de reutilização da água instalado na Espanha.
O diário da capital francesa acompanha o funcionamento de uma grande estação de purificação em Barcelona, uma das maiores da Europa, especializada na "reciclagem" da água desde de 2006.
A usina devolve à natureza 400 mil m3 de água limpa todos os dias, o equivalente ao consumo de 2 milhões de pessoas.
O texto compara uma média de 15% de água reutilizável tratada em dezenas de outras usinas da Espanha, contra apenas 0,2% de água reciclada na França.
Das palavras aos atos
A reportagem do Le Monde alerta como, apesar dos compromissos assumidos em Glasgow, durante a COP26, a destruição de grandes áreas florestais continuou a avançar em 2022, com a perda de 4,1 milhões de hectares no ano passado, o que representa mais 2,7 bilhões de toneladas de CO2 lançados na atmosfera.
Para a publicação, os dados, revelados pelo World Resources Institute, enfatizam "como é difícil passar das palavras aos atos".
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro