Grupo Wagner: Putin evitou uma “carnificina” às custas de sua autoridade, diz imprensa francesa
Os principais jornais franceses destacam, nesta segunda-feira (26), a rebelião do grupo Wagner contra o regime de Moscou. Para a imprensa, a ação deixa muitas questões em aberto. A única certeza é de que o presidente russo, Vladimir Putin, sai fragilizado.
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Em uma série de mensagens de áudio, difundidas na noite de sexta-feira (23), o líder do grupo Wagner, Ievgueni Prigojin, convocou uma revolta contra a liderança russa e acusou o Kremlin de bombardear os acampamentos militares do grupo. Mas no mesmo dia, Prigojin voltou atrás e ordenou que seus homens retornassem às suas bases.
Para o Le Monde, o presidente russo conseguiu evitar “uma carnificina” às custas do enfraquecimento de sua autoridade. De acordo com o jornal, o rápido retorno à normalidade e o arquivamento da investigação contra o chefe do grupo Wagner revela um país que tem pressa de esquecer um episódio breve, mas ao mesmo tempo vertiginoso. "Foi uma completa humilhação para o Exército russo", salienta a publicação, que se revelou incapaz de deter o grupo.
O Libération destaca que após 20 anos de amizade com Putin, Prigojin tornou-se “o traidor do Kremlin”, desafiando de maneira inédita seu aliado, ameaçando Moscou, antes de renunciar "misteriosamente".
"Tudo isso não faz nenhum sentido", afirma o jornal dizendo que a rebelião deixou mais perguntas do que respostas, mas que uma coisa é certa: pela primeira vez em sua longa história, o reinado de Putin vacilou.
Para a especialista Anna Colin Lebedev, professora da Universidade de Paris Nanterre, entrevistada pelo Libération, o motim do grupo Wagner poderia levar a uma transformação do regime russo, mais que a seu colapso.
"O inesperado golpe de Prigojin que fez Putin tremer", diz a manchete do Le Figaro. “Como um empresário que prosperou durante anos sob a proteção de Putin, ex-criminoso e chefe de uma milícia, pôde enviar homens para invadir a capital, levando o país à beira de uma guerra civil?”, pergunta a publicação.
De acordo com um especialista russo entrevistado pelo jornal, com a tentativa de invasão, o grupo Wagner mostrou que podia fazer o que quisesse na Rússia.
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