Acessar o conteúdo principal

Maior partido da extrema direita da França veste "roupa nova" e suscita crise no governo

A imprensa francesa desta quinta-feira (1°) lembra o aniversário da reformulação do partido Reunião Nacional. Há exatos cinco anos, a legenda de Marine Le Pen deixava para trás o nome Frente Nacional, numa estratégia de banalização da extrema direita que se instalou de vez na França. 

A presidente do grupo parlamentar do partido de extrema-direita Reunião Nacional na Assembleia Nacional Francesa, Marine Le Pen (esq.), ao lado do presidente da legenda, Jordan Bardella, em 10 de janeiro de 2023.
A presidente do grupo parlamentar do partido de extrema-direita Reunião Nacional na Assembleia Nacional Francesa, Marine Le Pen (esq.), ao lado do presidente da legenda, Jordan Bardella, em 10 de janeiro de 2023. AFP - EMMANUEL DUNAND
Publicidade

"A roupa nova do Lepenismo" é a manchete do jornal La Croix desta quinta-feira (1°). Apesar da tentativa de virar a página de um partido criado nos anos 1970 pelo pai de Marine, Jean-Marie Le Pen - manchado por escândalos racistas e xenófobos -, a ideologia nacionalista da legenda perdura, bem como suas relações com a ultradireita, afirma a matéria.

Mirando na eleição presidencial de 2027, as lideranças do partido não escondem seu objetivo: "tornar-se uma alternativa crível de governo", diz Renaud Labaye, secretário-geral do grupo do Reunião Nacional na Assembleia francesa, onde a legenda conta atualmente com 88 deputados. 

No entanto, La Croix ressalta o isolamento dos parlamentares do Reunião Nacional na Assembleia, rejeitados tanto pelo campo da direita e dos centristas do governo como da esquerda representada pela coalizão Nupes, que reúne socialistas, comunistas, ecologistas e o partido de extrema esquerda França Insubmissa. Desde o início da nova legislatura, no ano passado, os deputados da extrema direita "misturam sua voz às de seus adversários", unindo-se à maioria presidencial em 33% das votações e à direita em 54%. 

Em editorial, o diário afirma que o partido de Le Pen "trabalha com um método e constância a banalização" e "é preciso admitir que eles conseguem" atingir seu objetivo. A ponto de suscitar "debates táticos" no governo, como o diferendo entre a primeira-ministra Elisabeth Borne e o presidente Emmanuel Macron nesta semana.

Crise no governo

As divergências na cúpula do governo são analisadas pelo jornal Le Figaro desta quinta-feira. "Macron tem dificuldades para encontrar o bom modo de funcionamento com Borne" é título de uma matéria no diário. Em entrevista a uma rádio francesa no último domingo (28), a premiê afirmou que o Reunião Nacional era herdeiro de Philippe Pétain, chefe do chamado regime de Vichy na Segunda Guerra Mundial, aliado da Alemanha nazista. 

No entanto, Macron discordou da alusão, afirmando que "o combate contra a extrema direita não passa mais por argumentos morais". Durante reunião com seus ministros, na terça-feira (30), o presidente francês disse que ninguém convencerá os milhões de franceses que votaram no Reunião Nacional que eles são fascistas. 

Segundo Le Figaro, a afirmação foi vista como "uma advertência" à primeira-ministra e chamou a atenção de toda a classe política, "enriquecendo a novela das tensões no governo". Para o jornal Le Monde, não há dúvidas: a primeira-ministra sai fragilizada da situação. O diário centrista afirma que o puxão de orelha traz à tona as divergências entre os dois líderes e tentativa de Elisabeth Borne de levar uma "sensibilidade de esquerda", do qual o chefe de Estado se afasta cada vez mais. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.