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França inaugura primeira “gigafactory” de baterias para carros elétricos

Com grande pompa e a presença de três ministros franceses, um alemão e um italiano, além dos CEOs das empresas Total, Stellantis e Mercedes, foi inaugurada nesta terça-feira (30) a primeira usina de baterias elétricas em Douvrin, no norte da França. O governo francês pretende que o empreendimento simbolize a reindustrialização do país e reforce a soberania europeia, além de correr atrás do atraso em relação à tecnologia chinesa. 

Entrada da fábrica da ACC inaugurada nesta terça-feira (30) na França.
Entrada da fábrica da ACC inaugurada nesta terça-feira (30) na França. © Pascal Rossignol / Reuters
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“Pela primeira vez desde a Airbus, a França e a Europa estão criando um novo setor industrial”, saudou o ministro da Economia francês, Bruno Lemaire, na sede da Automotive Cells Company (ACC), joint venture das gigantes Stellantis, TotalEnergies e Mercedes.

Para o ministro alemão dos Assuntos Digitais e dos Transportes, Volker Wissing, "a fábrica, juntamente com outras duas usinas previstas na Alemanha e na Itália, contribui para manter a Europa na vanguarda do progresso global no futuro", diante da concorrência chinesa e das mudanças climáticas.

“A bateria produzida aqui vai emitir 40% menos CO₂ por megawatthora do que a produzida na China”, observou o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné.

Os CEOs da Stellantis, Carlos Tavares, e da Mercedes, Ola Kallenius, também marcaram presença na a inauguração da “gigafábrica”, uma impressionante estrutura com 640 metros de comprimento e 100 metros de largura.

"Vale da bateria"

Gigantescas máquinas conectadas vão achatar, cortar e empilhar chapas de alumínio revestidas com uma pasta de minerais raros, a base das células de bateria, que serão então montadas e preenchidas com eletrólito por operários de jaleco branco em salas imaculadas.

A produção deve começar nos próximos meses e a comercialização, no final de 2023.

O setor automobilístico se prepara, com o apoio de ajudas públicas, para uma migração forçada para o elétrico, acelerada pela proibição dos motores de combustão interna na União Europeia a partir de 2035.

A ACC será uma das primeiras do gênero na Europa. Outras três montadoras de baterias vão ser construídas na mesma região francesa, formando um ecossistema referido como “Battery Valley” por autoridades locais e industriais, em referência ao polo tecnológico do Vale do Silício, nos EUA.

O governo francês estabeleceu como meta produzir dois milhões de veículos elétricos por ano no país até 2030. Só a ACC deve produzir até essa data o suficiente para equipar 500.000 veículos por ano.

A França pretende abastecer sua indústria automotiva com baterias montadas no país até 2027 e até mesmo exportar algumas a partir de então. No entanto, esses planos são prejudicados pelo alto custo de produção, em comparação com a China ou os Estados Unidos, que subsidiam massivamente essa indústria.

Sinal de apoio público, dos € 7 bilhões de investimento necessários para o projeto ACC, o grupo recebeu mais de € 1,2 bilhão em fundos públicos, incluindo € 845 milhões de ajuda francesa.

A tecnologia de íon-lítio usada pelo grupo ACC permanece, no entanto, dependente em metais estratégicos cuja cadeia de suprimentos é amplamente dominada pela China, com os metais lítio, níquel ou manganês.

A transição também representa um grande desafio social, com o anunciado desaparecimento de milhares de postos de trabalho, de acordo com sindicatos e organizações patronais, enquanto o Battery Valley deve recrutar e treinar mais de 20.000 pessoas em poucos anos.

Atrás de uma faixa "não ao fechamento, exija a manutenção de nossos empregos no PSA Douvrin", centenas de pessoas também se manifestaram terça-feira no centro de Douvrin, convocadas pelo sindicato CGT do grupo Stellantis.

“Não somos contra a fábrica ACC, que promete mil empregos no lugar das 1.200 vagas que vão desaparecer”, declarou um sindicalista à RFI.

(Com informações da RFI e da AFP)

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