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Salão do Automóvel de Xangai: China acelera domínio no mercado de carros elétricos

Xangai é sede do maior salão do automóvel do mundo. Mais de mil expositores apresentam cerca de cem novos modelos e cerca de um milhão de visitantes estão sendo esperados até quinta-feira (27). A China, líder do setor automotivo elétrico, deixa os concorrentes estrangeiros para trás, resultado também de muitos investimentos por parte de Pequim.

A construtora chinesa Byd apreenta novos modelos no Salão do Automóvel de Xangai, 18/04/23.
A construtora chinesa Byd apreenta novos modelos no Salão do Automóvel de Xangai, 18/04/23. © AP/Ng Han Guan
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Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

A China tem o maior mercado automotivo do mundo, sendo que os veículos elétricos representam um quarto das vendas. Dezenas de novos modelos, sobretudo marcas locais, foram apresentados neste primeiro salão sem as restrições sanitárias da Covid-19.

Muita gente circula nos corredores deste imperdível encontro de fabricantes mundiais, e em particular em torno da "Gaivota", cor amarelo canário, uma das novidades da BYD, a gigante chinesa dos veículos elétricos. A novidade é acompanhada de uma frase inspiradora: “Construa seus sonhos”. O preço fica em torno de 78 mil yuans (€ 11,5 mil), cerca de metade de um carro da categoria. O fabricante promete uma recarga de 30% a 80% em apenas 30 minutos.

 

A "Gaivota" é um dos destaques do Salão do Automóvel de Xangai, um modelo elétrico da chinesa Byd (18/04/23).
A "Gaivota" é um dos destaques do Salão do Automóvel de Xangai, um modelo elétrico da chinesa Byd (18/04/23). VCG via Getty Images - VCG

 

Este carro movido a bateria provavelmente será o veículo mais vendido na China nos próximos seis meses. “Esta é a Gaivota! Ela acabou de ser lançada. Ela é linda, não é? Mas não se deixe enganar! Ela também tem um visual atraente e sua carroceria é muito robusta. É sobretudo o seu preço que faz a diferença. E você pode viajar 370 km com uma carga completa. O modelo mais caro custa 95.800 yuans - menos de € 13 mil -, com uma autonomia de 405 km”, diz um dos vendedores no estande.

Ofensiva elétrica

Dois terços dos veículos apresentados no salão de Xangai são elétricos. A China deu um grande passo à frente da concorrência nesse setor. O país é um dos principais exportadores de veículos elétricos.

A fabricante BYD pretende exportar 300.000 unidades este ano - contra 50.000 no ano passado. Além disso, a China é a maior consumidora mundial, com 5,5 milhões de unidades compradas no ano passado, ou seja, 2/3 do total global.

Isso se reflete na proliferação de "placas verdes" - reservadas para veículos de nova energia - em Pequim e Xangai. Entre 10% a 15% de áreas de estacionamento públicos têm estações de carregamento.

Um motorista recém convertido ao elétrico conta que leva 1h30 para carregar a bateria. “No momento, custa 1,1 yuan por quilowatt. E à noite, depois das 23h, fica ainda um pouco mais barato. A autonomia total do meu carro é de 400 quilowatts. Para uma carga completa, eu gasto cerca de 40 yuans (menos de € 5,5). Escolhi o carro elétrico porque mesmo tendo que recarregar duas vezes ao dia, ainda é 1/3 mais barato que a gasolina. Daqui a vinte anos, provavelmente não encontraremos mais carros movidos a gasolina."

 

Um milhão de visitantes são esperados este ano no Salão do Automóvel de Xangai.
Um milhão de visitantes são esperados este ano no Salão do Automóvel de Xangai. © Stéphane Lagarde/RFI

 

Motor de combustão em declínio

O fim dos carros movidos a gasolina não é imediato. Os representantes de veículos clássicos presentes em Xangai se mostram um pouco incomodados com essa corrida em direção aos totalmente elétricos.

“Por enquanto, em termos de duração, nada substitui os carros a gasolina. As baterias dos veículos elétricos não duram 20 anos. Isso significa que não são pela defesa do meio ambiente. Por trás isso significa que vamos trocar de carro com mais frequência. É por isso que temos tantos fabricantes que investem na produção de veículos elétricos. Além disso, se falamos de durabilidade, os carros clássicos são mais resistentes. Para veículos elétricos, as baterias geralmente precisam ser trocadas dentro de três a cinco anos e elas são caras."

Um apaixonado por carros elétricos fala com entusiasmo dos modelos da MG, marca britânica comprada por chineses que oferece um automóvel-conceito com visual futurista: “É um carro elétrico de corrida. Um conversível com duas portas que se levantam como tesouras. O visual dela é ótimo! Esta é a prova de que hoje os carros elétricos também têm potencial. Na hora de acelerar, não tem comparação com os carros movidos à gasolina. Sem falar no preço! Com 300.000 yuans - pouco mais de € 40 mil, você pode comprar um conversível elétrico. Você não terá o equivalente em um modelo clássico, de nenhuma marca”.

 

Construtores chineses investem no mercado de automóveis elétricos.
Construtores chineses investem no mercado de automóveis elétricos. © Stéphane Lagarde/RFI

 

Fabricantes estrangeiros estão ficando para trás

A Tesla, do bilionário sul-africano Elon Musk, não está presente no show deste ano. A montadora americana, que tem uma gigantesca fábrica em Xangai, não deu nenhuma razão para a ausência.

A Toyota marca presença com um SUV 100% elétrico. Os alemães, que viram as suas vendas caírem 20% no ano passado, decidiram investir massivamente na China, de olho nos consumidores ávidos por novidades.

 

Posto de recarga Volkswagen exposto no Salão do automóvel de Xangai, China, 18/04/23.
Posto de recarga Volkswagen exposto no Salão do automóvel de Xangai, China, 18/04/23. REUTERS - ALY SONG

 

A francesa Citroën marca presença em Xangai com um novo sedã híbrido inteiramente fabricado na China: “Para os carros elétricos, muitas marcas locais lideram o setor. A cada ano, esses fabricantes apresentam novos modelos. Duas razões principais contribuem para esse rápido desenvolvimento: primeiro, a ajuda do governo, além de um verdadeiro entusiasmo entre os jovens chineses, que gostam do lado prático e barato dos carros elétricos e querem opções de escolha. Isso leva os fabricantes estrangeiros a se adaptarem, sob pena de desaparecer. O mercado chinês continua sendo um mercado muito importante para todos os fabricantes".

Um mercado muito competitivo, portanto, onde é muito difícil encontrar lugar para fabricantes estrangeiros, mas também para os locais. Pelo menos seis start-ups chinesas de carros elétricos estão ausentes do show de Xangai este ano, afirma o South China Morning Post. Essas empresas fecharam suas fábricas ou pararam de receber novos pedidos, sufocados pela produção excedente e por uma guerra de preços que está causando estragos no maior mercado automotivo do mundo.

 

EVOGO é a proposta de troca de baterias da gigante chinesa CATL, em exposição no Salão do Automóvel de Xangai (18/04/23).
EVOGO é a proposta de troca de baterias da gigante chinesa CATL, em exposição no Salão do Automóvel de Xangai (18/04/23). REUTERS - ALY SONG

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